O advogado Rui Pimenta, que representa o goleiro Bruno Fernandes, confirmou ao G1, na noite desta quinta-feira (18), que o atleta escreveu uma carta de “perdão” ao primo Jorge Luiz Rosa. “O Bruno escreveu essa carta perdoando ele. Para acalmar o espírito dele”, afirmou. A mensagem, que teria sido escrita no ano passado, foi divulgada pela TV Record Minas. À época do desaparecimento de Eliza Samúdio, Jorge, que era adolescente, denunciou o assassinato da modelo para a polícia.
Na carta, Bruno diz que, se o primo inventou “loucuras” e “mentiras”, é porque teve motivos. De acordo com o advogado Rui Pimenta, o jovem teria sido coagido a relatar a morte de Eliza Samudio em depoimento.
Apesar de confirmar a veracidade da mensagem, o defensor não soube informar se a carta chegou, de fato, às mãos do primo de Bruno. O G1 tentou entrar em contato com o advogado de Jorge Luiz Rosa, mas, até a publicação desta reportagem, ele não havia sido encontrado para comentar o caso.
Rui Pimenta também questiona a versão dada por Jorge à polícia de que Eliza Samudio teria sido morta pelo ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. “Você não consegue matar uma pessoa e não ficar nenhum vestígio, nenhum fio de cabelo, nenhuma célula. Todo mundo fuçou e não encontrou nenhum cisco”, alega.
Medida socioeducativa
Pelo envolvimento no caso, Jorge Luiz Rosa ficou acautelado por mais de dois anos em um centro socioeducativo em Belo Horizonte. O primo do goleiro foi liberado da medida que cumpria por participar de atos infracionais análogos a homicídio triplamente qualificado e a sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio há cerca de um mês.
O jovem começou a cumprir a medida socioeducativa em agosto de 2010, quando tinha 17 anos, e concluiu em setembro a punição. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Jorge Rosa não deve mais nada à Justiça.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus foram pronunciados a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio. Para a polícia, a ex-namorada do jogador foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado.
Após um relacionamento com o goleiro Bruno, Eliza deu à luz um menino em fevereiro de 2010. Ela alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o garoto mora com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.
Entenda as acusações
Em 19 de novembro, Bruno Fernandes e mais quatro réus serão julgados no Tribunal do Júri de Contagem. O goleiro e o amigo Luiz Henrique Romão vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A Justiça havia atribuído as mesmas acusações a Sérgio Rosa Sales, que morreu neste ano, mas ele respondia ao processo em liberdade. Já o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Na fase de inquérito sobre o desaparecimento e morte de Eliza, Sales e o outro primo do goleiro Bruno – Jorge Luiz Rosa – contribuíram com informações à polícia. Segundo a investigação, eles estiveram com Eliza no sítio do jogador, em Esmeraldas (MG).
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
Do G1 MG
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