terça-feira, 23 de outubro de 2012

Obama e Romney fazem o mais agressivo dos debates da campanha

Barack Obama e Mitt Romney se enfrentaram no debate decisivo para as eleições americanas

O último dos três debates televisivos durante a campanha pela Presidência dos Estados Unidos foi o mais agressivo entre o presidente Barack Obama (candidato à reeleição pelo Partido Democrata) e o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney (candidato do Partido Republicano). Cada um com suas “armas” para defender o papel dos EUA no mundo, eles
travaram na noite desta segunda (22) um duelo sobre política externa e defesa, temas que acabaram servindo de pano de fundo para questões que envolvem a economia norte-americana.
A 15 dias da eleição, Obama e Romney se empenharam para mostrar quem pressiona mais o Irã e quem é mais alinhado com Israel. Ambos tentaram desqualificar o adversário sobre a capacidade de comandar o país em uma era “perigosa”. O debate ocorreu na Lynn University, em Boca Ratón, no Estado da Flórida.
Obama começou no tom em que havia deixado o debate da semana passada, colocando-se em postura ofensiva desde o início e acusando seu adversário de articular uma política externa incoerente. Menos agressivo, Romney acusou o presidente de falhar na afirmação dos interesses e valores norte-americanos, referindo-se em particular à Líbia, onde o embaixador dos EUA foi morto em um ataque em setembro. As trocas de acusações entre os dois foram intensas. Obama chegou a declarar que Romney estava mentindo ao criticá-lo sobre a maneira que lida com o Irã em meio ao suposto caráter bélico de seu programa nuclear.
Romney abriu um atalho para atacar o desempenho econômico do governo Obama, afirmando que um país com a economia debilitada não pode desempenhar um papel de hegemonia e liderança no mundo, e defendeu a ampliação das relações comerciais com a América Latina, cuja "economia é quase tão grande como a da China".
Para conseguir reestabelecer a influência internacional dos EUA, abalada pelos dez anos de guerra no Afeganistão e a pior crise financeira desde a Grande Depressão, Romney afirmou ser necessário um reequilíbrio econômico. "Promover a paz, principalmente no Oriente Médio, está nas mãos dos EUA. Mas para isso precisamos ser fortes e para ser forte é preciso ter uma economia forte", disse ele, que foi interrompido pelo presidente: "A influência dos Estados Unidos é maior do que nunca foi. Nunca as alianças estiveram tão fortes."
Obama também reconheceu a necessidade de aprimoramento da economia norte-americana, mas comparou os planos do republicano às políticas do ex-presidente George W. Bush, que na opinião dele, foram "desastradas" e "equivocadas". "Foram elas que provocaram a recessão americana e eu não vou repeti-las", enfatizou. Já Romney declarou que não vai repetir o histórico dos últimos quatro anos.
Durante a discussão, Romney voltou a destacar seu plano econômico de cinco pontos, que novamente foi questionado pelo presidente. "Essa matemática não fecha", disse Obama, que também questionou o republicano sobre sua intenção de aumentar os investimentos militares. O adversário citou ainda sua experiência como empresário para enfatizar habilidade com o reequilíbrio de orçamentos e atacou o presidente: "nossa Marinha é a menor desde 1973."
Ainda assim Obama ironizou e disse que os tempos são outros e as estratégias também. "O governador Romney não passou tempo suficiente estudando como funcionam nossas Forças Armadas (...). Governador, também temos menos cavalos e baionetas hoje porque a natureza de nossas forças mudou. Agora temos coisas que se chamam porta-aviões e estes navios que navegam sob o mar, os submarinos nucleares", contra-atacou o presidente, na tentativa de desestabilizar o republicano.
O confronto, de pouco mais de 90 minutos, foi moderado por Bob Schieffer, do CBS News. Os candidatos e o jornalista ficaram o tempo todo sentados em uma mesa redonda.

Política externa

Logo no início, Obama acusou o republicano Mitt Romney de se enganar em todas as suas decisões sobre política externa, em particular sobre o Iraque: "cada vez que você opinou, se equivocou". E acrescentou: "Quando se trata de política externa, o senhor parece querer voltar às políticas dos anos 1980, às políticas sociais dos anos 1950 e às políticas econômicas dos anos 1920", disse o presidente.
O presidente declarou estar feliz pelo fato de Romney reconhecer a Al Qaeda como uma ameaça e alfinetou: "Há alguns meses o senhor disse que a maior ameaça aos Estados Unidos era a Rússia. O senhor não quer duplicar o que aconteceu no Iraque, mas já disse que quer colocar mais soldados no Iraque. O senhor foi contra os tratados nucleares com os russos. O senhor envia mensagens confusas. Precisamos de uma liderança forte e firme no Oriente Médio, ao contrário do que o senhor faz com suas declarações".
Em contrapartida, Romney afirmou que os Estados Unidos não conseguirão acabar com a ameaça terrorista e a Al Qaeda "apenas matando" os extremistas: "felicito o senhor [Obama] por ter eliminado Osama Bin Laden e por perseguir os líderes da Al Qaeda". Mas, segundo o republicano, "não é preciso sair matando para se livrar dos problemas do mundo". Por outro lado, ele afirmou que seria mais agressivo no Oriente Médio.
Obama disse ainda que o candidato republicano, ao declarar a Rússia como "um inimigo geopolítico", queria levar os Estados Unidos de volta a uma postura de Guerra Fria há muito tempo abandonada. "A Guerra Fria já terminou há 20 anos", disse Obama, virando-se para Romney que, evitando cometer algum erro que prejudique sua recente ascensão nas pesquisas, disse que as políticas de Obama para o Oriente Médio e o Norte da África não estavam impedindo o ressurgimento da ameaça da Al Qaeda na região. "Me atacar não é uma agenda", disse Romney. "Me atacar não é a maneira de lidar com os desafios do Oriente Médio."

Irã e Israel

Sobre o polêmico programa nuclear do Irã, apontado como uma fachada para obter a bomba atômica, Obama prometeu que "enquanto eu for presidente dos Estados Unidos, Teerã não conseguirá uma arma nuclear". Em seguida, o presidente desmentiu qualquer negociação direta de seu governo com Teerã sobre o programa nuclear, como informou no sábado (20) o jornal "The New York Times".
Obama advertiu ainda que o "relógio está andando" e que "não vamos permitir ao Irã que nos envolvam em negociações que não levem a lugar nenhum". Sobre sua posição diante de um eventual ataque a Israel, Obama e Romney concordaram que apoiarão o Estado hebreu de todas as formas, inclusive militarmente.
"Se Israel for atacada os Estados Unidos vão ficar do lado de Israel. Montamos a maior cooperação militar e de inteligência da história de Israel (...) e enquanto eu for presidente dos Estados Unidos, o Irã não vai obter uma arma nuclear" para ameaçar o Estado Hebreu.
Romney afirmou que "ficaremos ao lado de Israel" contra o Irã, "inclusive militarmente, mas nossa missão é dissuadir os iranianos através de meios diplomáticos e de sanções mais rígidas, absolutamente fundamentais", como o fechamento dos portos aos petroleiros iranianos e um maior isolamento de Teerã.
O aspirante republicano à Casa Branca disse que uma ação militar contra o Irã devido ao seu programa nuclear deve ser "o último recurso" a ser considerado e defendeu que esse país seja "isolado diplomaticamente". "Estamos agora quatro anos mais próximos de um Irã nuclear, não deveríamos desperdiçar outros quatro anos", alertou Romney.
Quando o mediador perguntou sobre o que faria se Netanyahu decidisse atacar o Irã, citando uma situação hipotética, Romney falou que não queria discutir situações que não existem.

Síria

Obama afirmou que continuará "apoiando" a oposição na Síria, mas criticou a proposta de fornecer "armas pesadas" aos rebeldes. "Não podemos pôr armas pesadas nas mãos de gente que poderia utilizá-las contra nós", assegurou. Neste sentido, afirmou: "devemos reconhecer que avançar rumo a um maior envolvimento militar é um passo sério. E devemos estar totalmente seguros de que sabemos quem estamos ajudando".
No entanto, o presidente americano se mostrou confiante de que "os dias de Bashar Assad estão contados", mas assegurou que são "os sírios que devem decidir o seu futuro".
Romney, por sua vez, disse que os EUA deveriam representar "um papel-chave" na Síria para pôr fim à crise nesse país e ter um papel de liderança na região, ao tempo que pediu a renúncia de Assad. O ex-governador de Massachusetts também se mostrou contrário a uma intervenção militar dos EUA na Síria e defendeu o prosseguimento da colaboração com os países aliados para buscar uma saída ao conflito.
Obama então defendeu seu enfoque sobre a Síria, no qual buscou a coordenação com outros aliados na região, como Turquia e Israel. "O que fizemos foi organizar a comunidade internacional, afirmando que Assad tem que ir embora. Promovemos sanções contra seu governo", explicou Obama. 

China

Ao falar sobre a China, o presidente Obama disse que considera o país como adversário e parceiro potencial, "se seguir as regras". "Vamos insistir que a China jogue as mesmas regras que nós", comentou. Ele disse ainda que ganhou quase todos os casos de violações comerciais com o país. "No longo prazo, para podermos competir com a China, temos que nos assegurar de que vamos cuidar do nosso negócio aqui em casa", afirmou.
Já o candidato republicano disse que o gigante asiático tem interesses semelhantes aos dos EUA. "A China tem interesses que são semelhantes aos nossos, não querem guerra, querem um mundo estável, não querem ver protecionismo, querem que a economia funcione e que o mundo seja livre e aberto. Vamos assegurar que as relações comerciais com a China sejam boas para nós", disse.

Empate em pesquisas

Romney alcançou o presidente Barack Obama nas eleições presidencial de 6 de novembro, de acordo com a pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta segunda-feira (22). Os candidatos aparecem empatados com 46% da preferência do eleitorado cada.
Romney estava com 1 ponto percentual de desvantagem na pesquisa passada, divulgada no sábado (20). Desde o final do primeiro debate da campanha, no dia 3 de outubro, a diferença entre republicano e democrata era de menos de 3 pontos.
"Os números de hoje enfatizam o fato de que a corrida está muito apertada. Entramos no debate final com os candidatos literalmente cabeça a cabeça", disse a pesquisadora do Ipsos Julia Clark.
No entanto, Obama ainda tem uma vantagem considerável nos Estados politicamente divididos que vão determinar o resultado da eleição. O Ipsos projeta que Obama será vencedor em Estados como Florida, Ohio e Virginia, somando um total de 325 votos contra 213 de Romney no colégio eleitoral.
A pesquisa online Reuters/Ipsos ouviu 957 prováveis eleitores entre os dias 18 e 22 de outubro. A margem de erro é de 3,6 pontos percentuais. (Com agências internacionais)
Do UOL, em São Paulo





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