terça-feira, 27 de setembro de 2011

Salmito Filho, do PT para o PSB: a troca e as apostas do ex-presidente da Câmara Municipal

Cid, controlador do PSB no Ceará, e Salmito, em imagem de arquivo: novos rumos para o ex-petista (Iana Soares)

Sinal dos tempos. Quem diria que um vereador pelo PT de Fortaleza, ex-presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, iria para o PSB – um partido outrora acessório de palanques em disputas locais e nacionais?

Logo agora, que o petismo consolidou seu projeto de poder em níveis local, regional e nacional? Curiosamente, pode ser exatamente essa a melhor tese para explicar a saída de Salmito do PT, depois de vinte anos de filiado.

Quando o PT nasceu, nele cabia tudo e todos. Dificilmente um setor organizado da sociedade não tinha assento ou representante por lá. Hoje, o petismo administra o poder, que está nas mãos de poucos. Sempre de olho nas próximas eleições. Sempre num esforço inaudito para não perdê-lo.
Salmito não está saindo do PT, simplesmente. Ele está indo para o PSB - o partido mais poderoso do Ceará, no momento – em busca de um projeto de poder que não conseguiu desenvolver no PT.

Mas aí pode estar também um erro de cálculo de Salmito. O que o faz pensar que terá, com os Ferreira Gomes, mais chances de projeção do que com Luizianne? No PT, pelo menos, a democracia interna ainda respira, apesar do ar rarefeito.

Salmito candidato a prefeito pelo PSB em 2012? Só se a prefeita não fosse Luizianne e o governador não fosse Cid. A aposta mais segura seria a renovação do mandato, no ano que vem, e a tentativa de vôos mais altos, em 2014.

Personalismo
Um dos piores males de nossa política, o personalismo político também acomete Luizianne Lins, que além de prefeita, preside o PT no Ceará.

Luizianne não estimula – e provavelmente, também não aceitaria -, o crescimento de lideranças que um dia viesse a ameaçar sua força política, dentro e fora do partido. 

Não é exatamente isso o que se pode dizer dos hoje controladores do PSB. Pelo contrário. Muitos, políticos ou não, nasceram e se projetaram a partir da sombra e da lealdade com os Ferreira Gomes. Poderá ser o caso de Salmito.

Com Luizianne, a história é diferente. O episódio mais barulhento que reforça isso veio no início de 2009, com a derrota de Luizianne, na eleição de Salmito presidente da Câmara. 

A vingança veio a galope. 

Dois anos depois, Luizianne elegeu Acrísio Sena, derrotando o colega de partido que ousou desafia-la. Depois, veio a lista dos 13 do PT, rascunhada no gabinete do Paço Municipal, da qual o nome de Salmito passou longe.

Mas isso não chega a ser perseguição política, como Salmito quer fazer crer. Isso nada mais é do que a forçação de um argumento que usará daqui a pouco: quando o PT, se, pedir, de volta, o mandato de vereador, que pertence ao PT.

Erivaldo Carvalho, editor executivo do O POVO Online

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