
Alvo de protestos contra sua permanência na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que o colegiado era "dominado por Satanás" antes de sua chegada ao posto.
Feliciano fez as declarações na sexta-feira à noite, durante um culto num
ginásio de Passos (348 km de BH), no sul de Minas Gerais.
Ao comentar um protesto contra ele que ocorria do lado de fora, afirmou: "Essa manifestação toda se dá porque, pela primeira vez na história desse Brasil, um pastor cheio de espírito santo conquistou o espaço que até ontem era dominado por Satanás".
Criada em 1995, a comissão já foi presidida por 15 parlamentares antes de Feliciano.
O deputado e pastor vem sendo alvo de protestos desde o dia que foi escolhido por seu partido para presidir o colegiado, no início de março.
Ativistas o acusam de ser homofóbico e racista. Citam declarações e mensagens que ele postou no Twitter. Feliciano diz ser mal interpretado.
A fala sobre Satanás na comissão foi divulgada no YouTube. Na sequência, ele criticou a realização de um seminário sobre "diversidade sexual na primeira infância" feito pelo órgão em 2012. "Eu morro, mas não abandono minha fé", gritou.
O deputado, que se disse "perseguido" e alvo de uma "ditadura", pediu apoio dos fiéis contra os manifestantes. "Se é para gritar, tem um povo que sabe o que é grito. [...] Nós (evangélicos) sabemos qual é o poder da nossa fé."
Feliciano disse ainda que igrejas estão desmarcando participações dele em eventos em razão dos protestos. Ele afirmou que 23 dos 30 compromissos de março foram cancelados.
| Editoria de Arte/Folhapress |
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"A natureza deles é gritar, xingar, falar palavras de ordem. É dar beijos no meio da rua, tirar a roupa. A natureza deles é expor um homem como eu, pai de família, ao ridículo", disse.
O PSC calcula que a repercussão em torno do deputado deverá triplicar os 211 mil votos que ele obteve em 2010.
Feliciano também usou o culto para criticar a mídia ("tendenciosa") e as atrizes Fernanda Montenegro e Camila Amado, que se beijaram na boca na semana passada num ato de repúdio ao pastor.
"Mal sabem elas que não estavam me atormentando. Estavam mostrando ao povo brasileiro --que ainda é um povo família, que respeita o ser humano--, que o que eles lutam não é por direitos, mas é por privilégios."
Procurada ontem pela Folha, a assessoria de Feliciano disse que as declarações foram dadas na função de pastor e no contexto da igreja, e não como parlamentar.
DANIEL CARVALHO
DO RECIFE / .folha
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