A Polícia Civil de Campinas (93 km de São Paulo) confirmou no fim da tarde desta quarta-feira (24) que as três mortes ocorridas nos Hospital Vera Cruz depois que os pacientes foram submetidos a exames de ressonância magnética foram causadas por falha humana.
Depois de quase três meses de investigações, os laudos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e do IC (Instituto de Criminalística) confirmaram a presença do
perfluorocarbono --uma substância química de uso externo utilizada para exames específicos-- no organismo das vítimas.
Fontes ligadas à investigação informaram que o produto tóxico foi injetado nos pacientes por engano, mas ainda não é possível saber como essa falha ocorreu. A partir de agora, a polícia tentará identificar as causas do erro.
Três litros do produto foram apreendidos no início deste mês durante novas buscas feitas pela polícia no setor de exames. O produto não havia sido entregue no início das investigações ao Departamento de Vigilância em Saúde pela RMC (Ressonância Magnética Campinas), clínica responsável pelos exames.
Na ocasião, o delegado José Carlos Fernandes, que conduz o inquérito juntamente com os delegados Antonio Carlos Palmieri e Cibele Sanches, informou que o produto jamais poderia ter sido injetado direto no organismo, e que uma vez injetado, causa sintomas compatíveis aos sofridos pelas vítimas.
O delegado também disse na ocasião que "o motivo pelo qual não apresentaram a substância e a forma como foi administrada está sob investigação. Todo o material que estava no setor de radiologia era para ter sido entregue à Vigilância", disse.
A RMC reafirmou que está colaborando com as investigações e que ainda não foi notificada sobre a causa das mortes. A empresa também negou omissão e disse que, na época do incidente, o laboratório foi interditado pela polícia e Vigilância e ficou à disposição.
Em nota, a clínica informou que o produto químico perfluorocarbono é utilizado exclusivamente de forma externa nos exames de ressonância magnética desde 2005, preenchendo antenas - equipamentos que melhoram a qualidade das imagens - nos exames da próstata ou em exames de estruturas anatômicas superficiais, como dedos, bolsa escrotal e pênis.
A RMC explicitou que nessas situações "o produto não entra em contato com os pacientes, estando isolado por látex ou produtos plásticos". A reportagem tentou contatar o Hospital Vera Cruz mas não teve retorno. Uma coletiva está marcada para a tarde desta quinta-feira (25) para dar mais detalhes sobre a continuidade das investigações.
O caso
Três pessoas, com idades entre 25 e 38 anos, morreram no dia 28 de janeiro após a realização de exames de ressonância magnética no Hospital Vera Cruz. Após os óbitos, o setor foi imediatamente interditado pela Vigilância em Saúde do município.
Todos realizaram o exame na cabeça e fizeram uso do contraste. Eles tiveram parada cardiorrespiratória. O caso veio à tona na manhã do dia seguinte. Desde então, uma comissão investiga as causas das mortes, inéditas na literatura médica.
Do UOL, em Campinas (SP)
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