sábado, 13 de outubro de 2012

Congresso faz sessão em memória de Ulysses Guimarães na segunda

O deputado Ulysses Guimarães em frente ao Congresso Nacional (Foto: Reprodução / Agência Brasil)

O Congresso faz na segunda-feira (15) uma sessão solene de homenagem a Ulysses Guimarães, para marcar os 20 anos da morte do político, completados nesta sexta (12). Opositor da ditadura, protagonista da redemocratização e artífice da Constituição de 1988, "dr. Ulysses" desapareceu após a queda de um helicóptero no mar, no litoral de Angra dos Reis (RJ), em 12 de outubro de 1992. Tinha 76 anos na época do acidente.

Em nota divulgada nesta sexta, o presidente do Senado, José Sarney, manifestou "tristeza" pela data. "Símbolo" e "ícone da história contemporânea brasileira", Ulysses "assegurou uma transição pacífica do autoritarismo para a democracia", nas palavras de Sarney.

"Ainda hoje, vinte anos depois, Ulysses Guimarães não só é lembrado como faz uma imensa falta ao Brasil", disse o ex-presidente. A sessão solene será realizada no Plenário do Senado, a partir das 17 horas.

Ativista da democracia
Nascido em um distrito de Rio Claro (SP) em 6 de outubro de 1916, Ulysses se formou em 1940 na Faculdade de Direito da USP. Nessa época, já militava no movimento estudantil, chegando à vice-presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Antes de entrar na política de Estado, foi professor, advogado, dirigente do Santos. O primeiro cargo público veio em 1947, quando se elegeu deputado estadual pelo antigo PSD para compor a Assembleia Constituinte de São Paulo. Em 1950, foi eleito para deputado federal, cargo para o qual se reelegeu onze vezes e que exerceu até a morte.
Na breve experiência parlamentarista no Brasil, em 1961-62, foi nomeado ministro da Indústria e Comércio no gabinete do primeiro-ministro Tancredo Neves. Já fora do governo em 1964, Ulysses apoia a deposição do presidente João Goulart; em 1965, porém, com o fim dos partidos imposto pelo regime militar, Ulysses adere ao Movimento Democrático Brasileiro, única legenda autorizada pela ditadura, de oposição à Arena, do governo.
Durante a ditadura, Ulysses se contrapôs ao regime dos militares. Presidente do MDB em 1971, lançou-se "anticandidato" à Presidência, disputando contra o general Ernesto Geisel, que venceu em 1974 por conta da maioria no Colégio Eleitoral. Em 1979, os partidos são autorizados pelo regime e do MDB surge o PMDB, presidido também por Ulysses.
Os esforços no Congresso para redemocratizar o país culminaram em 1984, na campanha pelas Diretas Já, que visavam à escolha direta dos eleitores para presidente da República. A proposta mobilizou o país, mas foi derrotada no Congresso.

No ano seguinte, o PMDB lança Tancredo Neves para disputar a Presidência no Colégio Eleitoral. Para captar apoio governista, José Sarney é lançado pela Frente Liberal, remanescente da Arena. Com a morte de Tancredo, em abril de 1985, Sarney assume o país e tem como principais missões controlar a inflação e viabilizar a elaboração de uma nova Constituição, que consolidasse a democracia.

Construtor da Constituição
A tarefa de conduzir a construção da Carta Magna caberia a Ulysses, eleito para presidir a Assembleia Nacional Constituinte em 1986. Até hoje, o político é lembrado pela grande capacidade de conciliação, permitindo ao texto da Constituição abarcar propostas e apoios de alas divergentes da sociedade, numa época em que a abertura política fazia reflorescer também as divisões internas do país.

Concluída em 1988 a "Constituição Cidadã", como foi apelidada em virtude das garantias sociais que promovia, Ulysses se lança candidato à Presidência em 1989. Sem apoio unânime do próprio PMDB, termina em sétimo lugar.
O ativismo político se manteve durante o governo de Fernando Collor. No Congresso, teve papel proeminente nas investigações que levariam ao impeachment em 1992. Dias antes da acidente, ainda em Angra dos Reis, manteve uma longa conversa por telefone com o vice empossado, Itamar Franco, sobre como manter a estabilidade do governo.
Junto com Ulysses no helicóptero, estavam sua mulher, Dona Mora, o ex-senador Severo Gomes e sua esposa, além do piloto. Foi o único cujo corpo nunca foi encontrado.
Do G1, em Brasília


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