sábado, 28 de dezembro de 2013

A musa do ‘toplessaço’


Ana Paula , de 34 anos, quer liberação -
Foto: Gustavo Miranda / Agência O Globo

RIO - ‘Se a mulher for à feira de burca, vai ouvir gracinha do mesmo jeito’. A frase é da cineasta Ana Paula Gonçalves Nogueira, que roubou a cena ao ser a primeira a retirar a parte de cima do biquíni quando o “toplessaço” de Ipanema já dava sinais de que seria um fiasco. É com essa cabeça, desencanada, que ela encarou a multidão na areia — tinha mais curiosos do que mulheres querendo mostrar os seios — e depois as piadas, algumas de muito mau gosto. O jeito ousado vem desde a infância no subúrbio de Piedade. Filha de pai português, que ficou chocado com sua atitude, ela já avisa que não pensa em parar: escreverá uma carta para o prefeito Eduardo Paes pedindo a liberação dos seios desnudos ainda neste verão,
como acontece em várias praias da Europa. Nem que seja uma faixa de areia do Posto 9.
— É difícil para o Rio liberar tudo, mas que se libere um trecho da Joana (Angélica) à Garcia (D’Ávila). No Arpoador, eu acho difícil, mas numa área mais turística ao menos. Os estrangeiros já estão chegando à cidade — defende Ana Paula, de 34 anos, dona da produtora São Jorge Filmes, que não foge à polêmica, mesmo quando escolhe os temas de suas produções, como “As últimas putas de Paris”, em que antigas prostitutas lembram as histórias do Hotel Paris, um dos prostíbulos mais tradicionais do Rio.
Ana Paula foi jornalista por anos, mas deu uma guinada na vida para se dedicar ao cinema. E ao circo. Uma paixão tão grande que a levou a treinar trapézio, lira e tecido. Não tem preocupações maiores com a estética. Uma das coisas que mais a incomodou foram os comentários de que as outras poucas adeptas do topless não estavam na melhor forma:
— Nada a ver. A ideia é você se livrar do sutiã, não é entrar para o Big Brother. Sou magricela, não faço o tipo gostosona.
Ana Paula defende uma autonomia da mulher sobre o próprio corpo e, claro, muita diversão à beira-mar:
— Sempre fui rata de praia, desde que morava no subúrbio. Passava duas horas no ônibus, me cobria de Rayto de Sol, todas essas coisas cafonas.


O Globo

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