sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Com 'Bangerz', Miley Cyrus tenta ir além de polêmicas e língua para fora

Capa do disco 'Bangerz', de Miley Cyrus (Foto: Divulgação)

Miley Cyrus estará entre os principais personagens em todas as retrospectivas de 2013. Muito menos pela música, e mais por conta dos figurinos com pouco pano, poses com língua de fora, clipes e coreografias sensuais, brigas no Twitter...
Em (eterno) processo de fuga da personagem infanto-juvenil Hannah Montana, timidamente iniciado em 2010 com o disco "Can't be tammed", Miley lança "Bangerz", terceiro CD de sua carreira. Aos 20 anos, a cantora e atriz americana pouco faz lembrar as músicas que iam do
country teen ao pop rock, na estreia "Breakout", de 2008. No geral, o CD é bem melhor do que os anteriores, com destaque para "On my own", uma das faixas-bônus da recém-lançada versão brasileira do disco. Veja o faixa a faixa de "Bangerz", de Miley Cyrus:
"Adore you"
É lenta, quase sussurrada. "Baby, baby, você está escutando?", pergunta ela, na frase de abertura. A suavidade nada combina com a imagem provocativa de Miley. A faixa mostra a evolução da moça. Ainda mais se posta ao lado das músicas mansas anteriores, como "Every rose has its thorn", abominável cover do grupo de glam rock Poison.

"We can't stop"
É a melhor de "Bangerz". Quem cuida da carreira de Miley soube pinçar bem a música como primeiro single. Está no nível das melhores baladas de Rihanna - um elogio, ao menos para Miley. Ponto para o produtor Mike Will Made It, de 24 anos.

"SMS (bangerz)"
Miley tem a companhia de Britney Spears, ou de um robô que a imita, posto que já não se sabe qual a voz de Brit cantando. Elas rimam bem juntas, em versos que oscilam entre o irritante e o colante, tendendo mais para o primeiro. Sinta-se homenageada, Nicki Minaj. Já Ke$ha deve se sentir ameaçada: o trono de rapper loira desajeitada pode ser tomado.

"4x4"
O recrutado é o rapper Nelly, em R&B decente. Pharrell Williams está entre os autores e produz sozinho. Está aquém de suas recentes "Get lucky" (Daft Punk) e "Blurred lines" (Robin Thicke), mas mostra que Miley rende bem, quando cercada das pessoas certas. Pharrell raramente erra a mão. E não foi desta vez.

"My darlin" 
O rapper da vez é Future, que rima com a voz processada, tal qual Lil Wayne. Dividir os versos com um zumbido auto-tunado faz bem para Miley. Ela mostra afinação e modo de cantar que remete ao jeitão country de antes, em R&B bom para shows de calouros. Com os versos "Vamos fazer um filme, filme / Vai ser em 3D, 3D", Miley resume o amor nos tempos do shopping.

Miley Cyrus lambe machado em clipe de 'Wrecking ball' (Foto: Reprodução/YouTube da artista)
Miley lambe marreta em clipe de 'Wrecking ball'
(Foto: Reprodução/YouTube da artista)
"Wrecking ball"
É mediana. Ainda nascerá a pessoa que ouve após ter visto o clipe e consegue tirar da cabeça a figura de Miley nua em uma bola de demolição, lambendo uma marreta e "sensualizando" com uma boneca.

"Love Money Party"
Big Sean é o rimador em faixa repetitiva. O título é como um mantra em momento bem menos inspirado do jovem produtor Mike WiLL Made It (Lil Wayme, Rihanna).

"#GETITRIGHT"
O suinguinho adolescente já ouvido em "Party in the USA", um dos maiores sucessos da carreira de Miley, ainda está presente. É mais uma composta e produzida por Pharrell Williams. Tem assovios, falsetes, levada de guitarra memorável. E um tanto genérica, mas nada que prejudique. Se não ganhar clipe e virar hit, será surpresa. Continue com o fiu fiu.

"Drive"
A faceta Rihanna retorna com resultado bem abaixo do resto do disco. “Dirija meu coração pela noite / Você pode devolver as chaves de manhã", provoca Miley.

"FU"
A parceria com o rapper marroquino French Montana é o momento luau do disco. Dedilhados de violão e batuque bem calmo dão o tom em balada meio Lady Gaga. Vale ser ouvida.

"Do my thang"
A música é um dance pop afetado e arrastado. A voz de Miley aparece anasalada e abaixo da performance de outros momentos. A letra é o que importa: "Toda noite e todo dia / Eu faço o que eu quero / Eu faço o que eu quero / Então não se preocupa que eu vou ficar bem". Ufa.

Robin Thicke e Miley Cyrus se apresentam no VMA 2013 (Foto: Rick Diamond/Getty Images for MTV/AFP )
Robin Thicke e Miley Cyrus se apresentam no
VMA 2013 (Foto: Rick Diamond/Getty Images/AFP )
"Maybe you're right"
Ao que parece, Miley curte grupos como o Fun, do hit "We are young". Entre "Ooo, ooo, ooou's" e "hey's", ela manda o recado, em faixa que mistura piano, pegada um tanto indie rock de arena e mensagem no refrão: "Você deve achar que eu louca / Que estou perdida e deixei você para trás / Talvez você esteja certo".

"Someone Else"
Lady Gaga, é você de novo? Não, é Miley Cyrus tentando cantar como uma diva das pistas de dança, em versos no estilo "Amar é..." (ela repete a expressão várias vezes). Sintatizadores fazem a festa, em música cheia de expedientes já desgatados do dance pop. E dá-lhe pausas, batidas de remix fuleiro de MPB e vozes processadas cheias de eco.

Braulio LorentzDo G1, em São Paulo

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