O diretor executivo da Traffic, Fernando Gonçalves, empresa de marketing esportivo que atuou com o Flamengo para contratar Ronaldinho Gaúcho, afirmou na tarde desta quinta-feira que voltará a pagar a maior parte do salário do jogador a partir da próxima semana. O motivo da interrupção do pagamento, segundo o executivo, é que é inusitado. Segundo Gonçalves, a suspensão do pagamento nos meses de setembro e outubro foi uma forma de pressionar o clube e o empresário-irmão de R10, Roberto Assis, a receberem a empresa para conversar. Um dos assuntos, ressalta ele, é a necessária regularização do contrato com o clube, que, até hoje, resume-se a um memorando com as cláusulas principais do acordo.
“O memorando tem valor de contrato, mas não é um contrato. Precisa de ajustes. Acontece que a dinâmica no futebol impediu que a gente sentasse para conversar. Um dia é porque o Flamengo está dez rodadas sem vencer, o outro porque o diretor amador está viajando. O futebol é baseado nesse sistema de exceções, mas eu sou economista e não posso encarar a gestão deste negócio de forma diferente de qualquer outro ramo, senão tenho prejuízo. Não estou brigando com o Flamengo ou com o Assis, todos temos interesse em aparar as arestas e esta foi a forma encontrada das três partes se auto-imporem uma data limite”, afirmou Gonçalves.
“A intenção não é mexer no valor do salário do Ronaldinho. O problema não é esse. O ‘defeito de fabricação’ do memorando foi o Flamengo pensar em conseguir um patrocinador master, enquanto a nova realidade do mercado é conseguir esse valor fatiando a camisa. Outro detalhe é que se o Flamengo achar que a que a camisa dele vale 100 unidades financeiras e eu só conseguir 85. Eu não posso vender nada. Assim a Traffic fica a mercê do Flamengo. No ajuste que vamos fazer no contrato criaremos clausulas para que nenhuma das partes fique desprotegida e tome prejuízo”, explicou.
O executivo desmente ainda que a empresa estaria em rota de colisão com departamento de marketing do Flamengo devido a lentidão em criar ações publicitárias em torno de R10, que gerasse lucro em 2011. “Não é segredo para ninguém que nós não estamos satisfeitos, porque não atingimos a nossa meta de 30 milhões de reais este ano. Mas todos nós sabíamos que tanto o patrocínio de camisa quanto outras ações de marketing seriam difíceis. Contratamos o jogador em janeiro, uma época em que todas as grandes empresas já tinham fechado seus orçamentos no final do ano anterior. Agora eu assumi parte do planejamento do marketing para 2012 e já fechamos parceria com uma grande empresa de bebidas para que o Ronaldinho seja o garoto propaganda dela. Uma administradora de cartões de crédito criará uma campanha de fidelidade com torcedores do Flamengo. E ainda tem o projeto sócio-torcedor e a intenção de assumir a concessão do Maracanã, junto com a dupla Fla-Flu. Quero obter retorno com o Flamengo a longo prazo”, diz Gonçalves.
Leo Pinheiro, do Rio de Janeiro
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