A inédita Dafra Horizon 250 acaba de chegar às concessionárias, em versão única, por R$ 13.690. Com visual que lembra o de motos maiores, o modelo é fruto de parceria com a sul-coreana Daelim e tem objetivo para ser porta de entrada para o mundo custom, as conhecidas motos estradeiras.
O sonho de ter uma moto como essa vive na mente de muitos motociclistas, com seu símbolo maior na Harley-Davidson. Com motores grandes, acima de 600 cilindradas, e de valores que
ultrapassam a faixa dos R$ 25 mil, este nicho fica restrito a consumidores com maior poder aquisitivo.
Mais acessível, a Horizon pode atrair aqueles que não possuem milhares de reais para gastar em uma moto, e também proporciona uma pilotagem mais mais fácil e confortável na cidade.
Este segmento, das utilitárias de 250 cilindradas com cara de estradeira, teve como um de seus grandes ícones a Yamaha Virago 250, na década de 1990, não mais disponibilizada no Brasil. Até agora, a única representante no país era a Kasinski Mirage 250, que vende cerca de 50 unidades por mês, de acordo com a Federação Nacional dos Distrubuidores de Veículos Automotores (Fenabrave). Ela custa R$ 13.990.
A intenção da Dafra, a princípio, é vender 60 unidades/mês da Horizon 250, número modesto para o que a moto oferece.
Em comparação com a Mirage 250, que também possui origem sul-coreana, mas da marca Hyosung, a Horizon se diferencia por ter motor de um cilindro, enquanto a Kasinski utiliza propulsor de dois cilindros em V. Montada em Manaus, a Horizon tem cerca de 20% do custo de suas peças de origem nacional, informa a empresa.
Apesar de ser a estreia da Horizon 250 no Brasil, a Dafra já comercializou, em 2009, um modelo similar a este, chamado de Kansas 250. No entanto, tratava-se de uma edição limitada e foi vendida na época por R$ 9.990. Seu projeto não era o mesmo da Horizon, e sim uma versão com motor de maior cilindrada da Kansas 150, com V2 de 248,7 cm³.
50% Dafra, 50% Daelim
A Horizon, chamada de Daystar 250 no exterior, é um lançamento mundial da Daelim neste ano. De acordo com a Dafra, o produto foi trabalhado desde o início em conjunto com a marca brasileira. “O produto é 50% Daelim e 50% Dafra. Tivemos um papel muito importante em seu desenvolvimento”, explica Victor Trisotto, diretor de engenharia da marca.
O desenvolvimento do produto começou no início de 2011 e partiu com a base do chassi da Daystar 125, moto não vendida no Brasil, que recebeu mudanças. O motor foi modificado, partindo do mesmo monocilíndrico presente na pequena esportivaRoadwin 250. “Alteramos o motor para deixar com mais torque em baixos giros, típico das custom”, explica Trissotto.
Durante o percurso feito pelo G1, em uma estradinha vicinal no interior de São Paulo, em propriedade privada, a moto mostrou que, apesar da cilindrada reduzida, pode ser opção para pegar estrada.
O motor garante força necessária para encarar subidas em velocidades moderadas, com melhor desempenho neste quesito que a Roadwin. Sua configuração é moderna, com refrigeração líquida e injeção eletrônica.
No entanto, à medida que se exige mais o motor, vibrações e ruídos aparecem em demasia, o que pode ser um icômodo para longas viagens. As pedaleiras são largas e com borrachas, que ajudam a diminuir os tremores nos pés. Durante o trajeto, foi possível manter 120 km/h de velocidade no painel.
‘Mini-custom’
O guidão alto se estende em direção aos braços do motociclista, garantindo conforto. O assento acomoda bem o usuário e, as pernas, como é tradicional nas custom, ficam mais esticadas e relaxadas, pois as pedaleiras são fixadas de maneira mais avançada que em motos utilitárias, como Honda CB 300R e Honda Fazer 250.
As suspensões são macias e, apesar de não haver muitos trechos irregulares no asfalto do local, parecem trazer comodidade. Em contrapartida, perde um pouco de estabilidade em curvas, mas nada que comprometa seu uso. Os freios são bem dimensionados, com dois discos de 276 mm na dianteira e um de 220 mm na traseira.
Mesmo em alta velocidade é possível parar a moto com rapidez e eficácia, entretanto, com o peso maior localizado na parte de trás, o travamento da roda traseira ocorre cedo demais, exigindo um pouco de cuidado em acionamento mais bruscos. Apesar de ter comportamento bom em velocidade média de 100 km/h, é em baixa velocidade que a Horizon se destaca.
Mantendo visual inspirado nas grandes custom, esta “mini-custom” tem desempenho suave quando anda devagar e, ao contrário das grandes estradeiras, oferece mobilidade de moto urbana. O ângulo de esterço é amplo, indicando que a Horizon pode ser uma boa pedida também para rodar na cidade.
Visual impressiona; detalhes, nem tanto
Apesar da baixa cilindrada, a Horizon 250 impressiona por suas linhas e, principalmente na coloração que faz misto de preto com pérola– a moto também tem opção totalmente preta. Na versão bicolor, ainda há um adesivo azul que limita a divisão entre as tonalidades.
Os acessórios disponíveis pela Dafra, encosto para o garupa (R$ 299), bolha dianteira (R$ 299) e descanso para os pés (R$ 379) deixam a Horizon ainda mais com cara de estradeira. Eles ainda melhoram o desempenho da moto para longas viagens e foi uma boa sacada da Dafra disponibilizar estes equipamentos nas concessionárias.
Mesmo que itens como pintura, assento e rodas se destaquem pelo acabamento, outros deixam um pouco a desejar. O painel é dividido em dois, com o velocímetro no local tradicional e o marcador de combustível em cima do tanque. Esta disposição traz charme ao modelo, mas seus detalhes não são um primor.
No entanto, a decepção maior fica pelos punhos de comando, que apresentam visual arcaico e aparentam ser de material sem muita qualidade, destoando do restante da moto.
Conclusão
Assim como fez com o scooter Citycom 300i, a Dafra investe mais uma vez no Brasil em um nicho ainda sem muitos produtos à sua qualidade, que podemos ver também em partes, neste primeiro contato na Horizon 250.
Resta saber se o veículo terá durabilidade nas ruas brasileiras. Se depender do preço cobrado e pelo desempenho que oferece, pode tornar-se a moto que cabe no bolso de muitos que sonham em ter uma Harley-Davidson, mas não querem (ou podem) gastar tanto.
Rafael MiottoDo G1, em São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário