segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Entenda como o corpo reage à fumaça de um incêndio


Mais de 90% das vítimas morreram por intoxicação respiratória, segundo os bombeiros. Os médicos explicam o que a inalação de uma grande quantidade de fumaça provoca no corpo humano.
O fogo se espalhou rapidamente, e não demorou muito para a fumaça também se alastrar. A
boate lotada dificultou ainda mais a circulação de ar, que é tão importante para a respiração das pessoas.
O ar entra pela boca ou nariz, passa pela traqueias, vai para os brônquios e chega aos alvéolos, que ficam no final do pulmão. É através dessas células que ocorrem as trocas gasosas: o oxigênio entra no sangue e o gás carbônico é retirado. Esse processo respiratório é muito rápido, dura menos de um segundo.
Quando inalamos fumaça, ela faz o mesmo caminho do oxigênio e demora o mesmo tempo para chegar aos pulmões. A primeira reação do nosso corpo é combater essas substâncias tóxicas. As células de defesa começam a liberar enzimas, só que elas atacam as próprias células do pulmão, onde estão as substâncias tóxicas. A parede do alvéolo se rompe e, onde deveria haver ar, passa a haver sangue. A consequência disso é que não entra mais oxigênio e a pessoa morre.
“Dificilmente alguém resistiria mais do que alguns minutos. Três, quatro, cinco minutos já deve gerar uma asfixia, dependendo da quantidade e da temperatura da fumaça já pode ser suficiente para a pessoa perder o sentido e vir a falecer”, explica Carlos Carvalho, diretor da divisão de pneumologia do Incor.
Os médicos de São Paulo dizem que, além do fator tóxico, outro agravante é o calor. A fumaça quente aumenta os danos nas vias respiratórias. Eles dizem que os sobreviventes que não foram hospitalizados devem ficar atentos com os sinais de irritação. Essas pessoas podem desenvolver, em até cinco dias, doenças perigosas como a bronquiolite e a pneumonia.
“O pulmão demora dias, talvez semanas, para poder sair desse quadro respiratório. A fase aguda demora de uma a três semanas para o organismo se recuperar. Enquanto isso, o organismo precisa ser ventilado muitas vezes de forma artificial na terapia intensiva”, acrescenta Carlos Carvalho.
Assim que ficou sabendo das notícias em Santa Maria, o supervisor tráfego de cargas Valdiney Muricy relembrou outra tragédia. Ele estava no prédio que foi atingido pelo avião da TAM em 2007. Inalou muita fumaça e, desesperado, pulou do terceiro andar.
“A fumaça é uma coisa que vou sempre lembrar, porque mesmo depois do acidente, no próprio hospital, eu fazia um tratamento fisiorrespiratório. Até na saliva você percebia que tinha resíduo daquilo ali que inalei. E a fumaça te leva ao desespero, e juntou com a palavra fogo, te faz tomar decisão daquela de pular 15 metros sem você ter ideia do que realmente é pular de 15 metros”, lembra Valdiney.
http://g1.globo.com


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