O distrito de Cococi perdeu o status de cidade em 1979 e hoje pertence ao município de Parambu, no sertão dos Inhamuns do Ceará. Sete pessoas de duas famílias vivem na ex-cidade que já abrigou duas mil pessoas. Só restaram duas casas e a
igreja entre as ruínas. ''Não acontece nada na maior parte do ano”, diz Maria Lobo, uma das moradoras.A cidade é de grande importância para a história da região dos Inhamuns. De acordo com a diretora do Museu dos Inhamuns, Dolores Feitosa, foi lá que chegaram os primeiros habitantes a essa área do sertão cearense.
O lugar começou a declinar por causa das estiagens. “As pessoas foram saindo atrás de melhores condições de vida para seus filhos, para que eles pudessem estudar em centros mais desenvolvidos, porque Cococi estagnou”, diz a curadora do museu.
Os moradores contam que o terceiro e último prefeito da ex-cidade deu um calote na população e fez uso irregular de verba pública, o que revoltou e fez com que o restante da população abandonasse o local.
Atualmente, as poucas casas do local estão ruínas. A vegetação destruiu a câmara municipal e a prefeitura. O telhado da maior parte das casas já desabou e o moinho de vento não puxa mais água para os sete moradores que ainda habitam o local.
Somente duas casas e a igreja estão conservadas. Maria Clenilda Lobo, de 40 anos, é matriarca de uma das famílias do Cococi. Ela mora com dois filhos e vivem da agricultura de subsistência. Para Maria, Cococi é uma “cidade fantasma onde não acontece nada na maior parte do ano”.
Já Ana Cláudia, dona de casa e chefe da segunda família do distrito de Cococi, pensa diferente. “Aqui sempre vêm historiadores, pesquisadores interessados na história do Cococi. Também temos sempre visita de pessoas que vêm gravar entrevista e filme por aqui”, diz Ana.
De 29 de novembro a 8 de dezembro, Cococi realiza um novenário que “muda a cara do local”, como diz Ana Cláudia. O distrito recebe cerca de 300 pessoas por dia, que lotam a igreja de Nossa Senhora. A igreja é preservada pelas duas famílias de Cococi e é o prédio mais conservado da área.
Os católicos vêm das cidades vizinhas e criam um comércio paralelo durante os dias do novenário. Maria Clenilda aproveita a lotação para vender churrasco, cerveja e refrigerante. Em um dia de missa ela consegue cerca de R$ 80. O que ela ganha durante os 11 dias da novena é mais do que durante todo o resto do ano.
André TeixeiraDo G1 CE
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