Tripudiando do dramático depoimento de Xuxa ao “Fantástico”, Rafinha Bastos estreou o seu “Saturday Night Live” pontualmente às 20h30 deste domingo, na RedeTV. Um início coerente com a proposta de fazer um humor abusado e sem medo de desagradar.
Vestida com um casaco de couro vermelho, loira e de cabelo curto,
a atriz Renata Gaspar inaugurou a franquia brasileira do famoso humorístico americano rindo sem dó da “rainha dos baixinhos”, que há uma semana revelou ter sofrido abuso sexual na infância.Vestida com um casaco de couro vermelho, loira e de cabelo curto,
“Eu queria sair com o Garrincha, mas ele era velho e eu preferi sair com o Pelé. Tenho orgulho de ser a primeira Maria Chuteira da história”, disse.
“Fiz um pacto com o diabo? Lógico que não”, observou em seguida, sendo interrompida por outro ator, fantasiado de diabo, que disse: “Você fez um pacto comigo e com a Globo, que é muito pior.”
Foi a primeira de muitas referências a emissoras e programas concorrentes. No seu número inicial, um pouco nervoso, Rafinha logo fez uma menção ao seu principal rival, o “Pânico”, que foi ao ar 30 minutos depois: “Eu acabei de saber que o Pânico começa só às 23h”. O humorista também falou de outro concorrente no horário, o “Fantástico”: “É fantástico mesmo? É legalzinho...”
Importante observar, não faltaram piadas com a própria RedeTV!, os seus proprietários e até com Luciana Gimenez, mulher de um deles. “O programa não é saturday, mas é live (ao vivo)”, disse, rindo do fato de o humorístico ir ao ar aos domingo, e não aos sábados. “De duas, acertamos uma. O que não é pouco na RedeTV!”
Em outro momento, lembrou dos problemas da emissora, que atrasou salários e demitiu muitos funcionários no inicio do ano. “Espero do fundo do coração que vocês gostem, mas espero principalmente que a RedeTV! pague a gente”, disse Rafinha.
O programa também abriu farto espaço para aquele humor de mão pesada que Rafinha parece apreciar tanto. Num quadro, um homem só descobriu que estava se casando com um outro homem depois de lambê-lo. Em outro, para deixar claro o seu fanatismo, um corintiano urinou pela janela enquanto a filha dele avisava à mãe.
Esbanjando palavrões, humor escatológico, piadas sem graça e merchandising até na vinheta de abertura, o "SNL" brasileiro misturou quadros gravados previamente com intevenções ao vivo da turma.
A atração musical foi tema de outra piada bem ao estilo deselegante do apresentador. "No programa americano, essa semana foi o Mick Jagger. Aqui, até o Frank Aguiar recusou", disse Rafinha, antes de anunciar que Marina Lima era a convidada da noite.
Um dos quadros mais famosos do "SNL" original, o telejornal com comentários irônicos sobre notícias verdadeiras (inspiração para programas variados, como o "Furo MTV"), ganhou corpo na edição brasileira interpretado pelo próprio Rafinha. Sobrou para Neymar, Luana Piovani, Thor Batista e Luciana Gimenez, entre muitos outros.
Embora se irrite com críticas, Rafinha tem o mérito de saber rir de si próprio. Num bom momento do "telejornal", Marco Gonçalves imitou o personagem Cirilo, da novela "Carrossel", do SBT, e chamou o apresentador de "Racistinha Bastos" .
Seria injusto comparar o programa com a sua versão original, que estreou em 1975 e está até hoje no ar. O "SNL" brasileiro tem um longo caminho pela frente, mas conseguiu mostrar uma cara própria, sem semelhantes no mercado brasileiro, ao nascer. Resta saber o que o público vai achar.
Mauricio Stycer
Crítico do UOL
Crítico do UOL
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