Qual o atleta mais valioso do Brasil? A resposta a essa pergunta é quase sempre difícil de ser respondida, ainda mais num mercado tão incipiente como o brasileiro, em que quase não existe uma base para que saibamos valores de contratos de patrocínio dos atletas e, muito
menos, os salários que cada um deles recebe.
Tudo isso, diga-se de passagem, acho absolutamente benéfico. Não é de interesse público saber o quanto um atleta acumula de fortuna. Mas para trazer um pouco de luz à discussão de quão valioso está o mercado de gestão de carreiras de atletas no país, finalizei há pouco um levantamento daqueles que seriam os esportistas mais bem remunerados do Brasil levando em conta patrocínios e licenciamento da marca.
E o que era apenas um sentimento comprovou-se, na prática, ser verdade. Por incrível que pareça, Ayrton Senna ainda é o atleta mais valioso do país depois de Pelé, que naturalmente será sempre o líder nesse quesito.
Levando-se em conta apenas contratos de patrocínio e licenciamento de marca, Senna consegue, mesmo 19 anos após sua morte, ser o segundo atleta mais valioso do país.
Em 2012, segundo o balanço do Instituto Ayrton Senna, a marca do tricampeão de Fórmula 1 movimentou R$ 21,3 milhões em contratos de sublicença. O valor refere-se, segundo o IAS, à permissão para utilização da imagem de Ayrton Senna e do próprio instituto e da venda de produtos com a grife Senninha.
Sem a mesma transparência na divulgação de resultados, mas com uma boa dose de pesquisa com os patrocinadores e gestores das carreiras dos atletas, é possível chegar ao desempenho dos outros.
Pelé, turbinado pela aproximação da Copa de 2014 e por contratos globais de patrocínio, hoje fatura cerca de R$ 70 milhões anuais com patrocínio e licenciamento de marca. Depois vem Senna com os R$ 21 milhões. E, na sequência, Neymar (cerca de R$ 20 milhões ao ano) e Ronaldo (entre R$ 15 e R$ 18 milhões).
Caso estivesse vivo, Senna com certeza já estaria aposentado das pistas. Mas, sem dúvida, estaria faturando milhões com publicidade para marcas, sem falar no salário que receberia como consultor de uma escuderia de Fórmula 1. Estaria, assim, muito mais próximo de Pelé do que de Neymar e Ronaldo.
O resultado mostra um dado curioso sobre a incipiente indústria esportiva no Brasil. Pelé e Senna são os únicos atletas brasileiros que possuem um departamento de licenciamento de marcas. No caso do Rei do Futebol, o acordo é internacional e gera relativamente pouco em produtos com a marca Pelé. Mas, com Senna, é um setor que gera praticamente metade das receitas do instituto que leva o nome do tricampeão.
O licenciamento de marca é fundamental para que um atleta que atingiu o topo faça fortunas. Só para se ter uma ideia, Michael Jordan e Tiger Woods recebem respectivamente US$ 80 milhões e US$ 30 milhões de acordos de licenciamento com a Nike. Da mesma forma Usain Bolt, recentemente, fechou negócio para ser personagem do jogo “Temple Run”, um dos mais baixados nas plataformas móveis. Maria Sharapova é uma coleção de perfumes e tem até o seu estridente grito durante os jogos licenciados para telefones celulares.
Ao chegar no alto nível de rendimento e de engajamento das pessoas, todo atleta se transforma, automaticamente, numa marca. Senna foi o ícone de quase uma década no esporte brasileiro e, hoje, a marca Senninha vende mais de R$ 2 milhões em artigos para crianças. Crianças que nunca sequer acompanharam a performance dele nas pistas.
No ano que vem serão completados 20 anos da morte de Senna. Naturalmente diversos eventos serão realizados pelo IAS. E, logicamente, diversos novos produtos sobre Ayrton serão criados, o que deve fazer o faturamento da marca aumentar ainda mais.
No fim das contas, não é nenhum absurdo a marca Senna movimentar R$ 20 milhões ao ano em contratos de licenciamento. Absurdo é nenhum outro atleta no Brasil conseguir superar essa marca estando na ativa…
Erich Beting
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