Elenilson da Silva e Wemerson Marques – o Coxinha – foram condenados por sequestro e cárcere privado do filho da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes em júri ocorrido em Contagem (MG) nesta quarta-feira (28).
Elenilson foi condenado a 3 anos em regime aberto e Wemerson a dois anos e meio também em regime aberto.
Com este júri, encerram-se a série de julgamentos do caso Eliza Samudio, que começaram a ser realizados em novembro do ano passado. Além de Bruno Fernandes, foram condenados o amigo do atleta, Luiz Henrique Ferreira Romão – o Macarrão –, a ex-namorada do goleiro, Fernanda Gomes de Castro, e o ex-policial Marcos Aprecido dos Santos – o Bola. Já a ex-mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.
A juíza Marixa Fabiane Lopes iniciou, por volta das 9h10, a sessão do júri popular dos dois últimos réus do caso. O Ministério Público (MP) foi representado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro. Cinco mulheres e dois homens compuseram o júri.
Interrogatório
O réu Elenilson Vitor da Silva, acusado de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio com o goleiro Bruno Fernandes, se contradisse durante o interrogatório. Ele declarou que trabalhava como caseiro do sítio, cuidando de tudo, inclusive das contas. E que, no dia do sequestro do Bruninho, ele seguia ordens de Dayanne. Em junho de 2010, a polícia encontrou a criança, à época com três meses, em uma casa em Vespasiano, após denúncia do desaparecimento da ex-amante do goleiro.
Quando perguntado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos sobre a presença de Eliza no sítio em Esmeraldas, também na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dos dias do sequestro da jovem e de seu filho, ele se contradisse. Na primeira resposta, ele afirmou que Eliza circulou um pouco em uma festa, na propriedade. O promotor, então, leu um outro depoimento dele, em que ele declarava que a jovem havia ficado em cárcere no sítio. Depois disso, ele confirmou ser verdadeira esta versão, de que Eliza ficou trancada. E que ele serviu lanche para ela.
O promotor Henry Wagner perguntou também sobre ligações do réu para o ex-policial José Lauriano, conhecido como Zezé, que é investigado atualmente em um processo paralelo. Elenilson diisse que todos usavam celulares que estavam em nome de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, braço direito do goleiro e administrador dos bens do atleta. Elenilson ainda contou que fez contato com o ex-policial a pedido de Macarrão, para tentar liberar a Land Rover do goleiro, que havia sido apreendida em uma blitz.
O réu voltou a afirmar que seguiu ordens dos patrões, Dayanne e Macarrão, ao tirar o filho de Eliza do sítio e entregar em uma casa em Vespasiano. E também foi por ondem de Dayanne que ele mentiu na primeira vez em que falou com a polícia, ocasião em que negou saber da presença da criança no sítio.
A mesma versão foi contada por Wemerson Marques, outro réu no julgamento. Coxinha relatou que também era empregado de Dayanne e do Bruno, e que cumpria ordens quando levou a criança para a casa em Vespasiano. Ele disse que, primeiro, contou a polícia que não sabia nada de Eliza e do filho. Já, quando a delegada Alessandra Wilke disse que a criança corria risco, apontou o endereço onde ela estava.
Coxinha disse ainda que Eliza ficou dentro da casa do sítio durante uma festa. Ele contou que não achou estranho Dayanne mandar levar a criança para outro lugar sem a mãe porque era ‘ingênuo’. Não era costume dele questionar as ordens dos patrões. Perguntando pela juíza se se considera uma pessoa inteligente, o réu respondeu “na época, não”.
Acusação e defesa
Os debates começaram por volta das 17h25, com as alegações da acusação. Inicialmente, direcionando-se aos jurados, o promotor relembrou a cronologia processual do caso. Em três julgamentos, enfatizou Henry Wagner, os conselhos de sentença reconheceram a existência do sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e do filho dela, além do assassinato da jovem "por asfixia mecânica".
Após fazer uma "breve contextualização", o promotor relembrou do sequestro sofrido por Eliza Samudio, durante a gravidez em 2009, no Rio de Janeiro. Segundo ele, "aquele escândalo" passou a ser conhecido por muitos, inclusive pelos réus. Aos jurados, o representante do Ministério Público leu trechos de depoimento da jovem sobre o ocorrido.
"(...) Não era ingenuidade, e sim o franco conhecimento de que estavam implicados numa trama", disse Henry Wagner, ressaltando que os réus tinham conhecimento sobre o sequestro na capital fluminense.
Para convencer os jurados da culpa dos acusados, o promotor se baseou ainda em registros telefônicos dos envolvidos no caso. Henry mostrou ao conselho de sentença o registro das ligações de Eliza para comprovar a ocorrência do sequestro, em 2010, que culminaria na morte da jovem. A bilhetagem, segundo Henry Wagner, demonstra interrupção nas ligações entre 4 e 9 de junho, período em que a jovem estava em cárcere privado, segundo a denúncia. "Não existe um sequestro seguido por um desaparecimento que não seja morte", declarou o promotor ao conselho de sentença.
Henry Wagner também destacou que Bruno fez contato telefônico com Elenilson Vítor da Silva na noite apontada como a do início do sequestro. Ele questionou o fato de o goleiro ter ligado diretamente para seu caseiro, uma vez que tinha uma espécie de "gerente" e "mordomo", que era Luiz Henrique Ferreira Romão. "Quem tem um tipo de secretário desse [como Macarrão] não põe a mão diretamente na massa", alegou. Segundo o promotor, a ligação foi para que Bruno pedisse ao caseiro que preparasse um "cativeiro" para Eliza e o filho.
O promotor apresentou ainda depoimentos de testemunhas que disseram que a casa no sítio estava toda lacrada quando da presença de Eliza.
Já o advogado de Coxinha, Paulo Sávio Guimarães, alegou, antes do ínicio do júri, que o cliente apenas acatou uma ordem de Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno, que à época era patroa dele. "Obedecendo a uma ordem de Dayanne, sua patroa, ele [Wemerson Marques] pegou a criança e a entregou aos cuidados de uma babá".
O advogado de Elenilson, Frederico Franco, negou a participação do cliente no sequestro e cárcere privado da criança. "O Elenilson era um caseiro. Não participou de nada. Ele desconhecia o sequestro. Ele não desconfiou de nada", declarou.
Testemunha
A única testemunha ouvida no júri popular de Elenilson Vitor da Silva e Wemerson Marques, o Coxinha, disse, durante depoimento nesta quarta-feira (28), que os dois réus julgados hoje sabiam que o filho de Eliza Samudio estava sendo mantido em cárcere no sítio do goleiro Bruno Fernandes , em Esmeraldas, durante os primeiros dias de junho de 2010. Os dois réus são acusados de sequestro e cárcere privado do filho da jovem com o atleta.
Nesta manhã, o policial Sirlan Versiani, que foi o primeiro agente a chegar no sítio, após denúncia do desaparecimento de Eliza, contou sua versão do caso. Segundo ele, apesar de terem, a princípio, negado os fatos, Elenilson e Coxinha admitiram, em um depoimento prestado à polícia no início de junho de 2010, que o filho da jovem estaria dentro da propriedade do goleiro.
A outra testemunha, que chegou a ser procurada pela Justiça, foi dispensada pela defesa.
O julgamento
A juíza Marixa Fabiane Lopes iniciou, nesta quarta-feira (28), o júri popular dos dois últimos réus do caso Eliza Samudio, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Ministério Público (MP) será representado pelo promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro. Cinco mulheres e dois homens compõem o júri.
"A expectativa, desde o início, é a mesma. Nós esperamos a absolvição", disse o advogado de Coxinha, Paulo Sávio Guimarães. Ainda segundo o defensor, Coxinha apenas acatou uma ordem de Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro Bruno, que à época era patroa dele. "Obedecendo a uma ordem de Dayanne, sua patroa, ele [Wemerson Marques] pegou a criança e a entregou aos cuidados de uma babá".
O reú também disse estar confiante. "Confio em Deus e na Justiça", disse Coxinha, ao chegar ao fórum.
O advogado de Elenilson, Frederico Franco, negou a participação do cliente no sequestro e cárcere privado da criança. "O Elenilson era um caseiro. Nâo participou de nada. Ele desconhecia o sequestro. Ele não desconfiou de nada", falou.
Condenados
O réu Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão pela morte de Eliza Samudio e pela ocultação do cadáver da ex-amante do goleiro Bruno. A pena, lida pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues Lopes na noite do dia 27 de abril, determina 19 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio e mais três anos de prisão em regime aberto pela ocultação do cadáver.
Bruno Fernandes foi condenado a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho, Bruninho. A pena é de 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.
Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.
Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos de prisão - pena mínima por homicídio qualificado em razão de sua confissão. Conforme a sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, Macarrão foi condenado a 12 anos em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) e mais três anos em regime aberto por sequestro e cárcere privado. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do goleiro, foi condenada a 5 anos de prisão dois crimes de sequestro e cárcere privado, de Eliza Samudio e de seu filho, Bruninho, condenada à pena de 2 anos e 3 anos respectivamente, ambas em regime aberto.
O caso
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Em março deste ano, Bruno foi considerado culpado pelo homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado da jovem. A ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, foi julgada na mesma ocasião, mas foi inocentada pelo conselho de sentença. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, já haviam sido condenados em novembro de 2012.
Enfrentam o júri nesta semana o Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. O julgamento, que havia sido marcado inicialmente para 15 de maio, foi remarcado para ter início nesta quarta-feira (28). Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).
Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.
Raquel Freitas e Pedro TriginelliDo G1 MG, em Contagem
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