domingo, 19 de maio de 2013

Longevos, Tite e Muricy se reencontram em decisão de soberano contra ameaçado

Muricy e Tite se enfrentam pela segunda vez em uma final de Paulista na Vila Belmiro

Os técnicos Muricy Ramalho e Tite travam um duelo a parte na final do Campeonato Paulista, disputada entre Santos e Corinthians, neste domingo, às 16h (de Brasília), na Vila Belmiro. Os dois treinadores, que contrariam a cultura do futebol brasileiro ao se manterem em seus
cargos por mais de dois anos, se reencontram em uma espécie de “tira-teima”.
Muricy e Tite tiveram dois embates em jogos decisivos desde que assumiram Santos e Corinthians, respectivamente. O comandante santista levou a melhor na final do Paulistão em 2001, enquanto o corintiano saiu vencedor no duelo da semifinal da Copa Libertadores da América do ano passado.
“Técnico é um componente do jogo. Primeiro é a grandeza dos clubes, passa pelos atletas. Somos dois profissionais que nos respeitamos muito. Acho que essa é a marca maior. Muitas coisas em comum e muitas coisas diferentes”, afirmou Tite.
Agora, os dois se enfrentam em momentos distintos em suas carreiras. Tite continua soberano no time de Parque São Jorge. O treinador superou até a eliminação precoce de seu time para o Boca Juniors, da Argentina, nas oitavas de final da Libertadores deste ano.  Como o presidente Mario Gobbi, diretoria e até torcedores culparam o árbitro Carlos Amarilla pela eliminação, Tite continua com seu trabalho incontestável no clube.
Muricy, por sua vez, sofre pressão na Vila Belmiro desde o início desta temporada. Conselheiros e até integrantes do Conselho Gestor do clube estão insatisfeitos com o trabalho do treinador, que recebe cerca de R$ 700 mil mensais de salário para comandar o time de Neymar e companhia.
O treinador chegou a ser ironizado em reunião do Conselho Deliberativo, no dia de homenagem aos campeões da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Na ocasião, um conselheiro sugerir que a taça da Copinha fosse encaminhada a sala do treinador para lembrá-lo de utilizar os jogadores revelados pelo clube. Isso porque conselheiros e torcedores acusam o treinador de não aproveitar como devia os atletas da base.
Além da acusação de preterir os “pratas da casa”, Muricy enfrenta rejeição por priorizar um esquema tático mais defensivo, colocando seu time para jogar “atrás da linha da bola” e apostando nos contra-ataques. A pressão aumentou após o primeiro jogo da final do Paulistão, contra o Corinthians, no último domingo, no Pacaembu. A escalação do veterano Marcos Assunção na vaga de Montillo, lesionado, causou revolta entre conselheiros e torcedores.
O Santos foi extremamente dominado pelo Corinthians no primeiro tempo e só conseguiu sair do campo de defesa na segunda etapa, quando Muricy trocou o veterano pelo jovem Felipe Anderson. Após o jogo, Muricy admitiu o erro na escalação inicial.
Apesar da pressão sofrida, Muricy conquistou uma Libertadores, dois Paulista e uma Recopa Sul-Americana pelo Santos. Já Tite pode igualar o número de títulos do santista no comando do Corinthians, já que levou o Brasileiro de 2011, a Libertadores e o Mundial de Clubes de 2012.
"Acho que ganhar é importante porque os técnicos vivem disso. Tem muitos técnicos bons que não têm títulos, que conheço os trabalhos, mas que não ganham títulos. Sabemos que no futebol brasileiro e mundial tem que conquistar. A gente se mantém em time grande há algum tempo porque ganha títulos. O Tite é um dos grandes técnicos do país e está em um grande momento", disse.
Gustavo Franceschini e Samir Carvalho 
Do UOL, em Santos (SP)


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