A chuva persistente e a temperatura média de 16ºC afastaram o público da Parada Gay de São Paulo neste ano.
Segundo pesquisa Datafolha feita ontem, o número de participantes do evento caiu de 270 mil registrados no ano passado para 220 mil, uma redução de
18,5%.
Lacunas eram visíveis em diferentes pontos da avenida Paulista, onde a passeata começou por volta das 12h de ontem. "É uma pena, mas a chuva atrapalhou", reconheceu o antropólogo Luiz Mott, do Grupo Gay da Bahia.
Sem dizer de que forma foi calculado o público, a organização estimou em 5 milhões o número de participantes.
Para o ativista Toni Reis, 48, o importante é "a qualidade, e não a quantidade". "Isso [de quantidade] é prêmio de consolação", brincou.
No alto do trio elétrico, a travesti Kimberly, 30, caras e bocas para os flashes que vinham do público no chão, também achava que pouco importam os números.
"A parada é um movimento que tem como objetivo a luta pelos direitos da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros)."
Ao lado dela, a colega Bianca, 27, faz "sim" com a cabeça: "É uma força política forte. Quem quer lutar pela diversidade vem para cá".
Pelo jeito, o público não estava nem aí para "lutas" num dia de frio e chuva.
MAIS PAULISTANO
Os dados mostram que em sua 17ª edição a parada também ficou mais paulistana, 63% dos participantes neste ano contra 60% no ano passado vivem na cidade.
O evento teve maior participação de "calouros" (33% estrearam na pista, contra 28%, em 2012) e menor presença de heterossexuais (caiu de 34% para 29%). Os entrevistadores ouviram 4.491 pessoas. A média de idade do público foi de 27,6 anos.
Com o tema "Para o armário, nunca mais!" a manifestação percorreu os 2,9 quilômetros entre o Masp, na avenida Paulista, até a praça da República, no centro.
O pico de movimentação foi às 15h quando a cantora baiana Daniela Mercury, que há dois meses "saiu do armário", começou seu show em cima do trio elétrico.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB), o prefeito Fernando Haddad (PT), o deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ), a ministra da Cultura, Marta Suplicy (PT), foram alguns dos políticos que estiveram no evento.
Na entrevista coletiva, Haddad comparou a luta dos homossexuais por igualdade a outros movimentos dos direitos civis. Já Alckmin, afirmou que a "riqueza de São Paulo é a sua diversidade".
Não foram registrados incidentes graves. Após a onda de arrastões na Virada Cultura, nos dias 18 e 19 de maio,na capital, a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana resolveram reforçar a segurança. Ao todo, 2.800 agentes atuaram na parada.
SEGURANÇA
Segundo balanços parciais da GCM e da PM, oito pessoas foram detidas. Entre elas, estava um homem que usou "indevidamente" um uniforme original do Corpo de Bombeiros mesmo sem ser um membro da corporação.
Uma outra pessoa foi presa por tentativa de furto de uma máquina fotográfica. Ainda de acordo a PM, seis pessoas foram levadas para delegacia por urinar na rua.
O comércio ambulante também foi combatido na parada --6.530 produtos vendidos por camelôs foram apreendidos. A maioria cerveja, vinho e refrigerante. (ROBERTO DE OLIVEIRA, REGIANE TEIXEIRA, FELIPE GUTIERREZ, CAMILA GOMES, RAFAEL ITALIANI E CESAR SOTO)
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