Um menor de idade assumiu ser o autor do disparo que matou o torcedor boliviano Kevin Espada na tragédia na Bolívia. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, ele negou que esteja protegendo membros da torcida organizada Gaviões da Fiel e disse que sua vida acabou.
"Para mim, a minha vida acabou. Matei uma criança. O que eu vou fazer? (...) Não sei o que
fazer da minha vida. Me arrependo amargamente", disse ele.
"Quero pedir perdão para a família do Kevin e para a família dos meninos presos".
O jovem negou que esteja protegendo membros da torcida organizada Gaviões da Fiel. Ele descartou a hipótese de assumir a autoria do crime apenas por ser menor de idade e ser submetido a leis mais brandas que as pessoas acima de 18 anos.
“Não protegi ninguém não. Eu só quero assumir meu erro porque não é certo as pessoas pagarem por uma coisa que não fizeram. Se eu estivesse no lugar, não gostaria de pagar por algo que eu não fiz”.
A mãe do menor de idade também deu seu depoimento ao Fantástico. A mulher pediu perdão à mãe do torcedor morto Kevin Espada e admitiu que ela não conseguiria perdoar se o seu filho fosse a vítima. Ela ainda disse que se o filho se negasse a se apresentar à polícia, ela mesmo o denunciaria.
“Eu pediria perdão à mãe, eu sei a dor que ela está sentindo. Eu sei que jamais, é uma coisa que mãe nenhuma perdoa, mas eu pediria”, disse. Ao ser perguntada se ela perdoaria, a mulher respondeu: “Acho que não”.
O menor de idade disse que em nenhum momento teve a intenção de ferir alguém, e queria apenas fazer uma festa para o Corinthians. O jovem afirmou ainda que comprou o sinalizador naval no comércio popular de São Paulo, na rua 25 de Março, e revelou que teve dificuldades de manusear o artefato.
“Eu fui acender, para mim, era como se fosse um igual aos outros. Eu tirei a tampinha em cima, puxei a cordinha embaixo e não aconteceu nada. No momento que eu fui puxar de novo, eu estava manuseando, não sabia como manusear, puxei pela segunda vez e disparou, foi para a torcida boliviana”, disse.
“Não fiz nenhum tipo de mira. Estava apoiado na minha mão assim. Para mim só ia acender e pronto, não sabia que o negócio ia sair voando assim ou algo parecido". "Quis fazer uma festa para o Corinthians. Eu amo o Corinthians", completou.
Durante a entrevista, o menino de 17 anos relembrou os acontecimentos ainda no estádio. O depoimento vai contra as imagens da televisão boliviana que mostram pessoas correndo após o disparo do rojão. Ele diz que ouviu gritos de assassino, mas assistiu ao jogo normalmente e ainda perguntou aos policiais se alguém havia se machucado após o disparo.
“No intervalo do jogo, eu perguntei para os policiais lá se tinha machucado alguém, os policiais falaram que estava tudo bem.”, disse.
“Quando acabou o jogo, nós fomos embora. Nós fomos lá para fora do estádio, esperamos nosso ônibus chegar e embarcamos no ônibus. Só fui ter certeza que ele morreu no ônibus mesmo, só na volta mesmo, que mostraram lá para mim, começaram a falar, entraram na internet”.
Nesta segunda-feira, o menor de idade vai se apresentar à Vara da Infância e da Juventude de Guarulhos. Ele vai assumir que efetuou o disparo do sinalizador que matou a vítima. Ele disse ainda que não se entregou à polícia na Bolívia aconselhado pela Gaviões da Fiel, que era responsável pelo menor, com autorização assinada pela mãe dele.
O incidente aconteceu no primeiro tempo da partida entre Corinthians e San José, da Bolívia. Desde quinta-feira, 12 torcedores corintianos se encontram detidos em Oruro. Dois foram apontados como responsáveis pelo disparos e os outros 10 foram indiciados como cúmplice
Do UOL, em São Paulo
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