Em discurso na festa de comemoração dos dez anos do PT no governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (20) que a resposta aos ataques do PSDB é a reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014. Com a presença de três condenados no processo do mensação, José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil o ex-presidente do PT
José Genoino, e o deputado federal João Paulo Cunha, Lula também disse não temer o debate sobre corrupção.
O senador Aécio Neves (PSDB), provável candidato tucano à presidência da República, discursou nesta quarta no Senado e apontou as “13 falhas do PT”. Entre os itens enumerados como fracassos pelo tucanos, está o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a falta de investimentos em infraestrutura no país, como problemas em estradas e aeroportos.
“Eu não vou responder a eles, vou dizer que nesses dez anos do PT, que a resposta que o PT deve dar a eles é a gente dizer que eles podem se preparar, eles podem juntar quem eles quiserem, porque nós vamos dar como resposta a eles a reeleição de Dilma como presidente em 2014. É essa a consagração da política dos trabalhadores”, disse Lula.
Para Lula, outra resposta ao PSDB foi a vitória do prefeito Fernando Haddad em São Paulo.
"Nós aqui estamos crescendo, mas os de lá estão fragilizados. O resultado mais eloquente foi a eleição em São Paulo porque já tinha gente declarando a vitória deles. Porque esse moço [Haddad] nunca tinha sido nada, com a presidente Dilma", disse.
"Eles [PSDB] estão inquietos porque percebem que estão sem valores, sem discursos, sem propostas porque toda e qualquer coisa que eles pensarem em fazer, nós fizemos mas e melhor. Por isso que nós queremos fazer esse debate com eles, com a opinião publica e imprensa. Se tem uma coisa que não temos medo é o debate", completou.
Lula também afirmou que o PT não tem medo de comparar o governo petista com o governo tucano.
"Não temos medo de comparação, inclusive comparação e debate sobre a corrupção. Todo mundo sabe que tem duas formas de a sujeira aparecer: uma é mostrar, a outra é esconder. E eu duvido que tenha um governo na história desse país que criou mais transparência e mais instrumentos de combate à corrupção do que o nosso governo", disse o ex-presidente.
Depois de Lula, foi a vez de Dilma discursar. A presidente acompanhou seu antecessor e e fez críticas à oposição. A presidente afirmou que o PT construiu seu governo sozinho sem a herança do PSDB, que governou anteriormente. "Nós não herdamos nada, o [ex-]presidente Lula. Nós construímos", disse Dilma. Mais cedo em Brasília, Aécio disse que o PT estava "exaurindo a herança bendita" do governo Fernando Henrique.
Críticos do "fim da miséria"
A presidente, que nesta terça-feira anunciou ampliação do programa Bolsa Família, criticou os que a acusam de acabar com a miséria num "mero jogo estatístico"
"E a fome de antes, era o quê? A falta de feijão, de roupa, de escola era o quê? Aceitar isso calado, passivo, ausente, era o quê? Não seria esse, sim, o verdadeiro e trágico jogo e desprezo à vergonha estatística da miséria?", questionou a petista.
"Essas vozes fizeram o mesmo estardalhaço quando, dez anos atrás, havia 40 milhões de brasileiros na miséria?", completou.
Reeleição
Outros petistas defenderam a reeleição de Dilma. O governador do Acre, Tião Viana (PT-AC), também disse que o evento "é um bom momento" para lançar a reeleição da presidente Dilma.
Já o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pediu Dilma no comando do país "nos próximos seis anos".
"Foi a senhora que mostrou que era sim possível fazer as reformas que o Brasil precisava e endereçar as reformas que o Brasil ainda precisa e que nós queremos ver realizadas no seu governo nos próximos dois anos. Se depender de mim, nos próximos seis anos", afirmou o prefeito.
Festa
O evento que comemora os 10 anos de governo do Partido dos Trabalhadores aconteceu em um dos auditórios de um hotel na capital paulista, onde foram instalados dois telões que reproduziram os discursos ao vivo. Cerca de mil pessoas acompanharam as falas, que também foram transmitidas para o subsolo do hotel onde mais militantes acompanhavam o evento.
Foram distribuídos exemplares da cartilha sobre os 10 anos de governo petista a todos os presentes, entre prefeitos, senadores e militantes da sigla. Para chegar ao palco, era necessário passar por um corredor, onde várias televisões reproduziam vídeos sobre programas de governo do PT, como Brasil Sem Miséria, entre outros.
No salão do evento, dois outdoors, um de cada lado do palco, traziam frases dos presidentes petistas. De Lula, o mural mostrava a frase: "Se, ao final do meu mandato, todos os brasileiros tiverem a possibilidade de tomar café da manhã, almoçar e jantar, terei cumprido a missão da minha vida". De Dilma, o outdoor trazia: "Nosso Brasil não abandonou os mais pobres. Por isso, a miséria está nos abandonando".
Lula foi aplaudido de pé, e por diversas vezes a plateia cantou: "Lula, Lula", mesmo "hino" entoado quando, ao finalizar seu discurso, disse que qa melhor resposta que se pode dar a "eles" é a reeleição de Dilma em 2014.
Durante o evento não houve menção aos integrantes do PT condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Não estava em nosso roteiro de dez anos falar de companheiros que ainda apresentarão recursos a justiça e esperamos que o Supremo posa analisar esses recursos e rever essa decisão", disse Rui Falcão, presidente do PT.
Falcão disse que o lançamento da candidatura da presidente Dilma à reeleição será feito em encontro partidário convocado com essa finalidade".
Falcão solidarizou-se com jornalistas que foram agredidos verbalmente por integrantes do partido. "Nos não respaldamos e desautorizamos qualquer ato de agressao contra os profissionais de imprensa que estão trabalhando", disse.
Kassab vaiado
Aliado do PT, Gilberto Kassab (PSD) foi vaiado antes de subir para discursar no evento. Antes de fundar o PSD, Kassab era filiado ao DEM, oposição ao PT, e apoiava o PSDB de José Serra. Agora, PSD integra governo de Fernando Haddad e apoia governo federal.
Além de Kassab, outros representantes de partidos aliados ao governo federal discursaram no início do evento.
Valdir Raupp, presidente do PMDB – partido do vice-presidente Michel Temer -, disse que seu partido “dará todo o apoio e condições para fazer desse país um lugar mais justo e democrático”.
“Nesses dez anos, caracterizados como fase desenvolvimentista do Brasil, o PMDB fez parte da base, apoiando o governo em todas as questões importantes para o desenvolvimento do país”, declarou.
Carlos Lupi, presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho – que foi demitido do cargo após denúncias de irregularidades na gestão da pasta –, disse que a marca do governo petista é a “opção pelo pobre”. Ele afirmou que Lula “teve a coragem de colocar uma mulher torturada como presidente. Somente um estadista faria isso”.
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