quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Internautas acusam cadernos de machismo e de promoção de violência contra a mulher

Capa de caderno Jandaia é considerada machista por internautas e professores

Bastou a comunidade de ativistas das redes sociais "Nós Denunciamos", com mais de oito mil seguidores, publicar no início da tarde de segunda-feira (25) um protesto contra os motivos das capas de cadernos universitários Jandaia da linha "Placas", acusados de serem
sexistas, machistas e de fazerem apologia à violência contra a mulher, para uma polêmica se instaurar.
Em um desses motivos, vê-se uma placa de sinalização que adverte para o perigo de animais na pista e exibe a figura de uma mulher entre dois carros.
Em outro, a ilustração simula uma equação matemática na qual um homem somado a uma mulher alcoolizada, resultaria em amor (ou sexo), o que é simbolizado por corações. A imagem foi interpretada como sendo uma espécie de passe livre para o crime de estupro.
As capas, coloridas e "criativas", visam conquistar um público consumidor bastante jovem e é aí que mora o perigo, dizem professores e lideranças da categoria dos profissionais da educação.
Menos de três horas após a denúncia envolvendo o tema das capas e adesivos dos cadernos Jandaia, o perfil da marca no Facebook publicou uma espécie de explicação e de pedido de desculpas pelo que julgou ser uma interpretação equivocada das piadas e tiradas "divertidas" produzidas pela equipe de criação das peças.
O perfil informa que a mulher entre dois carros e com os braços levantados seria símbolo da prática criminosa dos rachas, como na cena do filme "Juventude Transviada", e que, portanto, os animais na pista seriam os praticantes do racha, que estariam na condução dos veículos.

Material escolar?

A secretária-geral da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), Marta Vanelli, ficou escandalizada quando recebeu a informação durante um encontro nacional da categoria. "As capas são de extremo mau gosto e transmitem uma imagem muito pejorativa das mulheres", disse Vanelli.
"Não consigo imaginar como uma empresa do porte dessa, com o alcance que tem, possa fazer capas que reproduzam conceitos e valores tão discriminatórios", acrescentou.
A secretária-geral da CNTE ainda se disse indignada com temas e piadas que, segundo ela, desestimulam os estudantes e reforçam estereótipos, como o da "material girl". É o caso dos desenhos que remetem à ideia de que vida boa é fora da escola ou que objeto de anti-estresse feminino seja sinônimo de cartão de crédito.
"É lamentável que a empresa opte por esse tipo de estímulo, em vez de incentivar os jovens a estudarem, a aprenderem e a irem para escola adquirir conhecimentos", criticou. "Será que valores positivos não vendem? Esse, sim, seria um desafio aos criadores do produto", concluiu Marta Vanelli, professora de Biologia no estado de Santa Catarina.
Thea Tavares
Do UOL, em Curitiba



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