A manipulação de cartões de respostas é a fraude mais comum em concursos públicos. Para evitar o golpe, em alguns estados, o Ministério Público faz uma cópia do cartão de respostas, muda imagens, acompanha a abertura de envelopes e também faz simulações.
Nesta semana, uma ação policial, chamada de Operação Gabarito,
prendeu representantes de duas empresas suspeitas de fraudes em concursos em quatro cidades da Paraíba. “Fiz a inscrição, comprei apostila, fiz a prova em sapé, gastei combustível, paguei caro pra ir fazer a prova, e saber que fui lesado, pra mim é uma tristeza, né?”, contou uma participante.Em Quinta do Sol, no Paraná, uma jovem passou em primeiro lugar em um concurso organizado por uma empresa. Mas quem assumiu a vaga foi a mulher de um juiz.
“A gente cria expectativa, estuda, se prepara pra isso e quando recebe o resultado fica realizada, e depois se decepciona”, disse a jovem classificada em primeiro lugar.
Em outro concurso, realizado em Itati, no Rio Grande do Sul, a denúncia é de que amigos e parentes do prefeito e de secretários da administração foram aprovados mesmo entregando cartões de resposta quase em branco. Eles eram completados depois pela empresa fraudadora.
Além dos organizadores do concurso, 38 aprovados que já assumiram as vagas foram indiciados pela polícia por estelionato. A justiça impediu novas nomeações e analisa o pedido do Ministério Público para anular o concurso. Enquanto isso, os aprovados continuam trabalhando.
A reportagem do Fantástico tentou falar com alguns dos indiciados, entre eles a ex-mulher do secretário de saúde, que passou em primeiro lugar para o cargo de assistente social. “Eu não tenho nada a declarar. Vou falar depois, quando eu for intimada”, disse ela.
A filha do prefeito obteve o segundo lugar para assistente administrativa e também afirmou que não tinha nada a falar sobre o assunto. O prefeito nega as acusações.
Candidatos ao concurso ficaram revoltados com o resultado supostamente fraudado. ““A gente vê um órgão público como uma coisa séria, que tem que ser sério e honesto. Mas diante disso tudo é complicado. Perde a confiança total”, afirmou uma candidata.
Reportagem do Fantástico mostrou no último dia 17 que prefeitos e vereadores indicam os candidatos que devem ser aprovados e revelou que empresas contratadas para aplicar as provas realizavam o golpe. “Isso aí tu deixa comigo que eu sou especialista. A gente faz o concurso tudo normal, bonitinho e tal. A pessoa vai, faz a prova, não comenta com ninguém. Depois nós trocamos o gabarito”, relatou o dono de uma das empresas investigadas.
Do G1, com informações do Fantástico
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