O Senado da Itália decidiu nesta quarta-feira (27) pela expulsão do ex-premiê Silvio Berlusconi, condenado em um caso de fraude fiscal mais cedo neste ano, em mais um dos recentes reveses na carreira política do magnata das comunicações.
O presidente do Senado, Pietro Grasso, fez o anúncio da destituição de Berlusconi após a rejeição, pelos membros do Senado, em diversas rodadas de votação, de vários documentos
apresentados pelo "Cavaliere" para tentar evitar a expulsão.
"São, portanto, consideradas aprovadas as conclusões da Comissão Eleitoral defendendo a invalidação da eleição do senador Silvio Berlusconi", disse Grasso.
O plenário do Senado recusou nove propostas, apresentadas por vários senadores, para que não fosse aplicada a chamada "lei Severino", criada no ano passado no governo do ex-premiê Mario Monti, que determinava que sejam expulsos do Parlamento todos os condenados a penas superiores a dois anos de prisão.
O resultado da votação secreta não gerou surpresas, já que a esquerda e o Movimento Cinco Estrelas, do humorista Beppe Grillo, anunciaram um voto conjunto.
"Atropelaram a democracia, os direitos e a liberdade", declarou, visivelmente emocionado, ao prometer que continuará lutando por seus ideais fora do Parlamento.
"É uma decisão que convida a vingança", afirmou o magnata, que não poderá ser candidato nas eleições italianas nem europeias nos próximos seis anos.
Na véspera, Berlusconi anunciou que seu partido, o Forza Italia, estava retirando o apoio ao governo do premiê Enrico Letta, de centro-esquerda, acusando-o de criar um "golpe de Estado" para afastá-lo da política.
Letta, por sua vez, afirmou que a perda de apoio não iria afetar a estabilidade de sua coalizão.
Antes da votação desta quarta, Berlusconi, de 77 anos, afirmou a partidários que a derrota não iria significar o fim da sua carreira política.
Ele disse quer vai continuar liderando seu partido, o Forza Italia, mesmo de fora do Parlamento.
Espera-se que o ex-premiê use seu capital político para atacar o governo de Letta, o que gera o temor de uma nova fase de incerteza política e econômica no país.
No entanto, ele já não tem influência suficiente no Parlamento para derrubar o governo, que venceu facilmente um voto de confiança sobre o orçamento de 2014 na noite de terça-feira, com o apoio de cerca de 30 dissidentes que deixaram a Forza Italia neste mês.
Berlusconi foi condenado em 1º de agosto a quatro anos de prisão (três já perdoados e "trocados" pela prestação de serviços comunitários) por fraude fiscal no chamado caso Mediaset. Ele também foi proibido de ocupar cargos públicos por dois anos, impedindo qualquer retorno imediato ao governo.
Com a expulsão do Senado, ele perde a imunidade parlamentar para enfrentar outros julgamentos no qual é réu, como o do caso Ruby, em que é acusado de pagar por sexo com uma mulher que, à época, era menor de idade, durante as famosas festas em sua residência particular.
Os partidários de Berlusconi anunciaram um protesto para esta quarta-feira em Roma, enquanto os opositores pretendiam celebrar sua queda perto do Senado.
Do G1, em São Paulo
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