domingo, 24 de novembro de 2013

Irã e seis potências chegam a acordo sobre programa nuclear

Ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, abraça o chanceler francês, Laurent Fabius, após países chegarem a um acordo sobre o programa nuclear iraniano (Foto: Denis Balibouse/ Reuters)

O Irã e as seis potências mundiais, que negociavam desde a última quarta-feira um acordo nuclear em Genebra, chegaram a um consenso sobre a redução do programa iraniano em troca de alívio nas sanções limitadas na madrugada deste domingo (24), informaram as delegações presentes.
              
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, confirmou em seu perfil no Twitter a assinatura do pacto. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, aprovou o acordo e disse que era a base para progressos futuros. "Sem dúvida a graça de Deus e as orações da nação iraniana foram um fator para o sucesso", escreveu Khamenei em uma carta ao presidente Hassan Rouhani, publicada pela agência estatal Irna.

O presidente americano, Barack Obama, declarou que o acordo era um "importante primeiro passo" que interrompe o padrão da república islâmica em direção à bomba. "Há limitações substanciais que irão prevenir o Irã de construir armas nucleares", disse o presidente logo após a chegada a um consenso.
O acordo nuclear prevê:
- Enriquecimento de urânio pelo Irã abaixo de 5%, ou seja, abaixo do limite necessário para a construção de um material bélico, que é mais de 90%. O limite de 5% é suficiente para produzir combustível para o reator de energia de Bushehr, na Costa do Golfo Pérsico.
- Neutralizar o estoque iraniano de urânio enriquecido a 20%. O nível ainda está a vários passos do que se precisa para construir a bomba, mas eliminar esse estoque diminui as preocupações do Ocidente de que o país poderia se encaminhar rapidamente para o objetivo bélico. Nesse caso, o Irã pode converter o que tem de urânio enriquecido a 20% em combustível de reator ou diluir o material em níveis abaixo de 5%.
- Proibição de novas centrífugas. Isso efetivamente congela as capacidades de enriquecimento pelos próximos seis meses. As centrífugas são usadas para converter urânio concentrado em combustível nuclear. O Irã, no entanto é autorizado a manter suas duas instalações em funcionamento. 
- Suspensão dos trabalhos no reator de Arak. O planejado reator que fica na região central do Irã é uma instalação de "água pesada", que significa que usa uma variação molecular da água como refrigerador e pode operar em urânio não enriquecido. Também produz uma grande quantidade de plutônio como subproduto, que poderia ser extraído e usado potencialmente na produção de armas.
- Compromisso iraniano em responder às preocupações da ONU, incluindo a base militar de Parchin, que simboliza um impasse de longa data entre o país persa e as Nações Unidas. Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica querem inspecionar o local para investigar suspeitas de testes passados com explosivos que podem ter aplicação em desenhos de bombas nucleares. O Irã nega a acusação e diz agora que futuras inspeções serão autorizadas, mas quer impor restrições que limitam o acesso a revelações públicas pela agência da ONU. O acordo pode abrir as portas de Parchin para os inspetores.

Ainda segundo o texto do pacto, o Irã terá acesso a US$ 4,2 bilhões em divisas, como contrapartida em travar seu programa nuclear. Os setores de ouro, petroquímica e indústria automobilística serão aliviados dessas sanções e o país deverá continuar enriquecendo urânio no limite que estabeleça seu o uso civil.
Repercussões
O Ministério das Relações Exteriores da Suíça, que atuou como país anfitrião destas negociações, convocou os jornalistas para uma entrevista coletiva com os ministros que participaram deste processo na sede da ONU.

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, considerou que o acordo alcançado  é "um resultado importante, mas é apenas um primeiro passo".
"Criamos uma comissão conjunta para supervisionar a implementação do nosso acordo. Esperemos que ambos os lados possam avançar de uma forma que restaurará a confiança", disse Javad Zarif numa entrevista para a imprensa.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez declarações na Casa Branca sobre o acordo firmado em Genebra. Para Obama, o ato foi um "passo muito importante" e torna o mundo muito mais seguro.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que, graças ao acordo, dentro de seis meses este país terá se desfeito de todas suas reservas de urânio enriquecido a 20%."Isto significa que os 200 kg de urânio enriquecido a 20% (que a república islâmica possui atualmente) chegarão a zero em seis meses", explicou em entrevista coletiva.
Além disso, anunciou que serão iniciados mecanismos de controle "sem precedentes" do programa nuclear iraniano, com "acessos diários" de mecanismos de verificação a todas as instalações nucleares.
Para o chanceler da França, Laurent Fabius, a ação foi um passo importante para preservar a "paz e segurança", mas terá de ser acompanhada de perto para garantir que ele seja implementada. "Depois de anos de bloqueios, o acordo em Genebra sobre o programa nuclear do Irã é um passo importante para a preservação da segurança e da paz".
              
Ele disse que o acordo só confirmou o direito do Irã à energia nuclear civil. "O mecanismo prevê o controle estrito dos compromissos assumidos e serão necessários vigilância para garantir sua execução", disse o francês.

Do G1, em São Paulo

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