Uma equipe de pesquisadores do Brasil descobriu três novas espécies de aranhas caranguejeiras com hábitos noturnos e tamanhos que não ultrapassam os três centímetros de comprimento. A descrição dos aracnídeos foi feita na revista científica “ZooKeys”.
O trabalho é do biólogo por Rogerio Bertosi, do Laboratório de Ecologia e Evolução do Instituto Butantan, em São Paulo, Paulo Motta, da Universidade de Brasília (UNB), além de dois estudantes.
As espécies pertencem ao gênero Fufius, existente na região que vai desde a Guatemala até
parte do estado de São Paulo. No novo estudo foram descritas a F. minusculus, F. jalapensis e a F. candango.
Os animais foram capturados com a ajuda de armadilhas montadas no meio da mata. São espécies raras de serem vistas, vivem em túneis abaixo do solo construídos por elas e revestidos com teias – uma característica única e ainda pouco estudada.
De hábito noturno, costumam comer insetos e até outras aranhas, desde que tenham tamanhos menores aos seus. Ainda não se sabe se possuem venenos que apresentem perigo aos homens.
A F. minusculus pode medir até um centímetro. A F. jalapensis, encontrada na região do Parque Estadual do Jalapão, no Tocantins, pode alcançar até três centímetros de comprimento. Já a F. candango, capturada na região de Brasília (por isso o nome candango, apelido dos que ajudaram a construir a capital federal), pode medir até dois centímetros.
Para se ter uma ideia de quão pequenas elas são, uma caranguejeira theraphosa blondi (espécie que ganhou o nome popular, e assustador, de aranha-golias-comedora-de-pássaros), chega a medir até 26 centímetros -- é considerada a maior aranha do mundo.
Já as caranguejeiras mais comuns, aquelas que podem ser vistas em filmes (de cor preta e com pelo), têm, em média, 20 centímetros de comprimento.
Caçador de aranhas
Bertosi trabalha com pesquisa de aracnídeos há 20 anos. Ele conta que desde criança teve paixão por esses bichos, quando ainda morava na Vila Carrão, Zona Leste de São Paulo.
Na época, ele e alguns amigos coletavam pequenas aranhas que viviam nos resquícios de matas encontrados naquela região e seguiam, de ônibus, até o Instituto Butantan, na Zona Oeste, onde pediam ajuda aos pesquisadores para entender o comportamento dos bichos.
“Primeiro eu tinha medo delas, mas depois comecei a procurar informação justamente porque eu tinha medo. Naquela época eu já tinha uma coleçãozinha de animais, tanto que aos 16 comecei a dar palestras sobre o assunto”, explica Bertosi.
O biólogo já descreveu 50 espécies de aranhas ao longo de sua carreira. Em outubro de 2012, foi responsável por apresentar nove espécies novas de aranhas caranguejeiras brasileiras, naturais de vegetações de Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
Eduardo CarvalhoDo G1, em São Paulo
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