quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Em 2º dia de protestos, médicos suspendem atividades pelo país

Médicos catarinenses paralisam as atividades nesta quarta-feira (31) em apoio à movimentação nacional.  (Foto: Cadu Rolim / Fotoarena/Estadão Conteúdo)

Médicos de ao menos 12 estados realizam protestos pelo país nesta quarta-feira (31).Na terça-feira (30), a suspensão dos atendimentos nas redes pública e privada atingiu 12 estados e o Distrito Federal.
A greve é para marcar posição da categoria contra decisões do governo federal, como a
contratação de profissionais estrangeiros pelo programa Mais Médicos e os vetos à legislação do Ato Médico, que estabelece as atribuições dos profissionais de  medicina. Em nota, o governo disse que "lamenta" eventuais prejuízos causados à população.
Apesar da greve, a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), que representa 53 sindicatos, orientou para que casos de urgência e emergência sejam atendidos. Os clientes de planos de saúde também serão afetados. É segunda vez, em um intervalo de uma semana, que a categoria cruza os braços em protesto contra decisões do governo federal.
Veja abaixo a situação nos estados nesta quarta-feira (31).
Membros da diretoria do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) vistoriaram postos de saúde de Rio Branco na manhã desta quarta-feira (31). A iniciativa faz parte da mobilização nacional contra o programa 'Mais Médicos' do Governo Federal.  Na ocasião, panfletos foram distribuídos pelos profissionais aos usuários e funcionários.

Profissionais se concentram em frente à Maternidade Moura Tapajós, no bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus, e o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam) participaria de uma reunião com o governador para discutir os protestos no estado.

Na capital baiana, os médicos se concentraram na praça central da Avenida Centenário, das 14h até por volta das 17h. No local, eles realizaram ações como "Feira da Saúde", em que realizam consultas públicas para a população, o "Varal da Vergonha", uma exposição fotográfica sobre a saúde brasileira, além de panfletagem e debate. Segundo uma entidade local, cerca de 400 profissionais participaram da mobilização

Um grupo de médicos fez um ato em frente ao Hospital Universitário Walter Cantídio, no Bairro Rodolfo Teófilo, em Fortaleza.

80% dos profissionais cruzaram os braços na Grande Vitória, segundo o sindicato. Casos de urgência e emergência estão sendo atendidos normalmente. As consultas com médicos que aderiram ao movimento serão remarcadas.

A paralisação dos médicos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) continuou nesta quarta (31). Seguem suspensos os atendimentos de consultas, cirurgias e exames pré-agendados. Serviços de urgência e emergência estão mantidos. A greve deve terminar à meia-noite.

Nos hospitais administrados pelo governo estadual, os profissionais que atuam no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Hospital Materno Infantil (HMI), Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer) e Alberto Rassi (HGG) atendem apenas os casos de urgência. Os eletivos foram remarcados. Nos demais, os atendimentos foram realizados normalmente, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

Pela segunda vez, médicos do estado aderiram à paralisação. No dia 8 haverá uma audiência em Brasília com os parlamentares para discutir a pauta da categoria, disse a presidente do CRM-MT, Dalva Alves das Neves. Eles reclamam também de demissões de médicos em prefeituras do interior.

À tarde, os manifestantes iriam participar de assembleia na sede do CRM-MT e fazer uma carreta. Ao final os manifestantes devem ser concentrar na Praça Ipiranga, onde ficarão disponíveis para prestar atendimento básico às pessoas que passarem pelo local.

Médicos e estudantes de medicina realizaram um protesto na praça Ary Coelho, região central de Campo Grande, montando um posto de atendimento para dar orientações sobre a prevenção de doenças. O objetivo é chamar a atenção para a falta de estrutura na área da saúde.

No Maranhão, o protesto também começou na terça (30). A previsão no começo da tarde desta quarta era de que os profissionais retomariam as atividades no mesmo dia.

Médicos de vários municípios do oeste do Paraná fazem paralisações. Em Cascavel, o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná (Cisop) atendeu normalmente nesta quarta. No Hospital Universitário, as consultas de ginecologia e ortopedia continuarão suspensas até quinta (1º). Médicos e estudantes protestaram também.

Os médicos fizeram um atendimento gratuito à população no Memorial da Medicina, com voluntários de Pediatria, Clínica Médica, Dermatologia, entre outros.

Uma manifestação da categoria interditou a Avenida Presidente Antônio Carlos.

O movimento, que atingiu 23 cidades na terça-feira (30), se repetiu na quarta. Houvemanifestações pela manhã no Hospital de Clínicas e na Santa Casa, em Porto Alegre, com participação de estudantes.Panambi e Santana do Livramento registram atos. No interior, também houve paralisações e cirurgias tiveram que ser remarcadas.

Rondônia
Em Rondônia, cerca de 200 médicos, que estavam parados em Porto Velho desde terça-feira (30), decidiram suspender o protesto nesta quarta.

São Paulo
Os médicos da Baixada Santista paralisaram as atividades e fazem manifestações.Segundo o Sindicato dos Médicos de Santos, São Vicente, Cubatão, Guarujá e Praia Grande (SINDIMED) haverá atos nas cidades e, em seguida, médicos seguem para a capital paulista, para participar de um ato na região central, incluindo Avenida Paulista.

Conselho Superior das Entidades Médicas de Santa Catarina (Cosemesc) confirmou para esta quarta-feira (31) o dia de paralisação geral da categoria. Os serviços seguem em casos e locais de urgência e emergência, além de tratamentos que não possam ser interrompidos.

Em Florianópolis e Chapecó estava marcado um enterro simbólico dos ministros da Saúde (Alexandre Padilha), da Educação (Aloizio Mercadante) e das Relações Exteriores (Antônio Patriota).
Em Tubarão, médicos e estudantes de medicina fizeram uma passeata pelas ruas da cidade. Em Joinville, Blumenau, Lages, Balneário Camboriú, Itajaí, Joaçaba, Canoinhas, Navegantes, Camboriú e Itapema os médicos da região também havia programação de manifestações.

No Tocantins, os médicos resolveram  não paralisar os serviços. No entanto, alguns deles trabalharam vestidos de preto. Cerca de 50 profissionais que atuam em Palmas se reuniram nesta quarta (31), na sede do Sindicato dos Médicos do Tocantins (Simed), para discutir programas do governo federal e o sistema de saúde no estado. Os profissionais também elaboraram estratégias para esclarecer à sociedade as pautas de reivindicações do movimento médico.

Médicos protestam no centro de Curitiba (PR) contra os vetos da presidente Dilma a alguns pontos do chamado Ato Médico. A categoria é contra a falta de revalidação dos diplomas de profissionais estrangeiros que devem atuar no Sistema Único de Saúde (SUS) (Foto: Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão Conteúdo)
Médicos protestam no centro de Curitiba (PR)
(Foto: Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão
Conteúdo)
Histórico das paralisações
A primeira paralisação dos médicos, no dia 23 de julho, contou com a adesão de ao menos 16 estados, informou a Fenam.

As paralisações fazem parte do calendário de greve estabelecido pela Fenam para registrar o descontentamento da categoria com as medidas adotas pelo Executivo federal sem o consentimento dos médicos. Conforme a entidade, “caso não haja avanços no movimento”, os sindicatos médicos poderão decretar greve por tempo indeterminado a partir de 10 de agosto, dia em que está agendada a última atividade das paralisações relâmpago.
No dia 8 de agosto está programada uma marcha de profissionais da medicina em Brasília. Na ocasião, será realizada uma audiência pública sobre o Mais Médicos no Congresso Nacional.
Batalha judicial
A crise entre as entidades médicas e o governo federal acabou nos tribunais. Inconformados com as medidas adotadas pelo Executivo para tentar suprir a carência de médicos em regiões pobres, a Fenam, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB) ingressaram com diferentes ações judiciais para tentar suspender o programa Mais Médicos.

No dia 26, o presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, negou pedido da AMB para suspender a medida provisória que criou o Mais Médicos. Segundo o magistrado, não cabe ao Supremo definir se a MP atendeu às exigências de relevância e urgência, como reclamavam as associações.
Protesto de médicos contra o Ato Médico, em passeata no Centro de São Paulo. (Foto: Evaldo Fortunato/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Estudantes de medicina de Sorocaba (SP) saem às rua do Centro da cidade para protestar contra as condições da Saúde e de trabalho no SUS (Sistema Único de Saúde). (Foto: Fernando Rezende/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Com caixões de mentira para os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde), médicos realizam protesto no centro de Florianópolis (SC). (Foto: Hermeto Garcia/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Do G1, em São Paulo

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