segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Morre aos 92 anos Sun Myung Moon, o reverendo Moon

Reverendo Moon durante sua festa de aniversário de 91 anos em fevereiro de 2011. (Foto: Jo Yong-Hak/Reuters)

Morreu neste domingo (2) aos 92 anos o líder religioso Sun Myung Moon, conhecido como reverendo Moon. Nascido na Coreia do Norte, ele era fundador da Igreja da Unificação. Ele estava internado num hospital próximo à sua residência, em Seul.
De acordo com a agência de notícias AP, Sun Myung Moon estava hospitalizado em decorrência de uma pneumonia. Ele deixa viúva sua segunda esposa e, ao todo, dez filhos.

O reverendo era fundador e presidente da Federação das Famílias para a Unificação e Paz Mundial, conhecida no Brasil como a Associação das Famílias. Em 2000, ele comprou o clube de futebol Atlético Sorocaba.

A Igreja da Unificação foi fundada por Sun Myung Moon em 1954 na Coreia do Sul.
Segundo a agência AFP, o movimento, famoso pelas cerimônias de casamento que reúnem milhares de casais, afirma estar presente em quase 200 países e reivindica três milhões de adeptos.

Terras no Brasil
No Brasil, Moon era dono de terras em algumas cidades do Mato Grosso do Sul, parte concentrada em Jardim, a 239 km de Campo Grande. O patrono da Igreja da Unificação chegou a ser investigado em uma CPI na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul em 2002. Na época, a igreja já havia comprado cerca de 80 mil hectares para suas instalações.

Foram oito audiências, em que prestaram depoimento membros da comunidade e funcionários e pessoas que haviam vendido as terras. Informações da Polícia Federal encaminhadas à Assembleia durante as investigações indicavam que o patrimônio da associação alcançava os R$ 300 milhões, ainda que um dos reverendos ouvidos pelos parlamentares tenha dito que os bens somavam aproximadamente R$ 60 milhões.
Atendendo a um pedido da CPI, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) fez uma vistoria nas fazendas da associação. A comissão foi encerrada em dezembro de 2002.
'Império de negócios'
A agência reproduz ainda uma informação do site de Moon, que dizia ter sido torturado e mandado para um campo de trabalhos forçados quando pregava na Coreia após a Segunda Guerra Mundial. Ele teria sido libertado quando os guardas fugiram com o avanço das forças americanas durante a Guerra da Coreia. Após vagar pela cidade de Busan, no sul, como um refugiado de guerra, teria construído a sua primeira igreja nessa região a partir de caixas de rações militares.

Já o obituário da AP lembra que a Igreja da Unificação envolveu-se em controvérsia em razão de suas estratégias para atrair fiéis. O texto diz que pais dos seguidores da seita nos Estados Unidos e em outros país mostravam preocupação de que seus filhos estivessem sofrendo "lavagem cerebral". A igreja teria respondido que diversas outras religiões haviam enfrentado acusações semelhantes nos períodos imediatamente posteriores às suas respectivas fundações.
Recentemente, contudo, a Igreja da Unificação "concentrou-se em erguer um império no ramo dos negócios", prossegue o obituário. O conglomerado inclui o jornal "Washington Times", o New Yorker Hotel, em Manhattan, a Universidade Bridgeport em Connecticut e ainda um hotel e uma pequena montadora na Coreia do Norte. 

Além disso, foram adquiridos uma estação de esqui, um time de futebol e outros negócios na Coréia do Sul, bem como uma empresa de distribuição de frutos do mar que vende sushi para restaurantes japoneses nos Estados Unidos.

'Visão'
O site oficial da Associação das Famílias para Unificação e Paz Mundial traz um texto que conta a origem do fundador da Igreja da Unificação. "Com a idade de 16 anos teve uma visão na qual Jesus lhe apareceu, enquanto orava na montanha, numa manhã do domingo de Páscoa", descreve.

"Jesus explicou-lhe que, originalmente Deus O tinha enviado para salvar todos os homens, mas que a sua missão na Terra tinha ficado incompleta devido aos seus contemporâneos não O terem recebido. De agora em diante era a ele, Sun Myung Moon, que incumbia para completar a sua missão inacabada."

De acordo com a AP, Moon explicou, em biografia publicada em 2009, por que a ideia de casamentos coletivos era fundamental à propagação de seus propósitos. "Casamentos entre pessoas de diferentes países e culturas são a maneira mais rápida de se conseguir um mundo ideal de paz", teria dito. "As pessoas devem se casar (...) com aqueles que consideram seus inimigos."

Ao longo da vida, o reverendo Moon cultivou boas relações com os ex-presidentes americanos Richard Nixon, Ronald Reagan e George W. Bush, informa a agência. A despeito disso, ele passou 13 meses numa prisão nos Estados Unidos, entre 1984 e 1985, por evasão fiscal.

Do G1 em São Paulo, com agências internacionais




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