segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Planos de saúde devem cobrir cirurgia da obesidade por videolaparoscopia a partir desta segunda (2)


A partir desta segunda-feira (2),  todos os planos de saúde contratados de 1999 para cá deverão dar cobertura a 36 tipos de cirurgias por videolaparoscopia, método menos invasivo. Dentre elas, a cirurgia bariátrica, recomendada como tratamento para pacientes com obesidade, que têm o índice de massa corpórea (IMC) acima de 35. A determinação foi aprovada no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS) no ano passado.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), um em cada sete brasileiros é obeso e as causas mais comuns para desenvolver a doença são problemas glandulares, falta de atividade física, fatores genéticos e alimentação em excesso.
Os planos de saúde já cobriam a cirurgia bariátrica aberta convencional, em que os médicos fazem um corte de pelo menos 20 centímetros no abdome do paciente. O tempo de recuperação desta cirurgia é de 30 a 60 dias.
Segundo Ricardo Cohen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, os convênios preferiam esse método por ser mais barato do que a cirurgia por videolaparoscopia. "Mas não é bem assim, pois com esse tipo de cirurgia o tempo de internação é maior e isso gera custo ao hospital. Além disso também há um prejuízo aos empregadores, pois o paciente fica afastado por mais tempo", aponta.
Todos os tipos de cirurgia bariátrica (bypass gástrico, gastrectomia vertical, banda gástrica ajustável, balão intragástrico e duodenal switch) podem ser feitos pela técnica cirúrgica menos invasiva, em que os médicos fazem pequenas incisões de 0,5 a 1,2 centímetros para passar as cânulas e a câmera de vídeo.
Ainda que o custo da cirurgia videolaparoscópica seja de fato maior do que a aberta (entre R$15 mil e 25 mil contra R$10 mil a 15 mil), o tempo de duração da técnica que é feita por vídeo é menor e o retorno à rotina demora apenas 10 dias. "Os médicos indicam porque o tempo de internação também é inferior ao da cirurgia aberta e o paciente passa por menos dor", explica o presidente da SBCBM.
Cohen ainda destaca o menor risco de complicações nos cortes. "Ao emagrecer a pessoa pode ter uma hérnia incissional e, nestes casos, é preciso fazer uma re-operação, o que é mais um custo extra para os planos de saúde", explica ele que afirma que o risco dessa complicação entre os pacientes que fazem a cirurgia aberta tradicional é de 25 e 30%.
Demanda
Com a aprovação do método, os pacientes terão direito a fazer a cirurgia menos invasiva e a demanda por profissionais qualificados também aumentará. "Os hospitais já contam com o material necessário, pois diversas outras cirurgias são realizadas por videolaparoscopia, mas será preciso médicos mais especialistas no tema", destaca Cohen.
Para tanto, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica quer que esse tipo de procedimento se torne uma área de atuação. "Isso fará com que todos sigam os mesmos padrões técnicos e critérios de cirurgia. Além de saber as complicações que elas podem ter e qual a melhor forma de tratá-las", defende Cohen, para quem a mudança fará com que os pacientes recebam um atendimento melhor.
Segundo o presidente da SBCBM, hoje os cirurgiões gerais e do aparelho digestivo podem realizar a cirurgia bariátrica por videolaparoscopia. "Mas na qualificação de especialistas eles vão saber como atender um obeso e fazer um tratamento completo com uma equipe multidisciplinar, que envolve outros profissionais como nutricionistas e psicólogos", explica ele.
 Cirurgia bariátrica VideolaparoscópicaCirurgia Bariátrica Aberta
Custo médioR$ 15 a 25 milR$ 10 a 15 mil
Duração da cirurgia40 minutos a 90 minutosDuas a três horas
Tempo de internação36 horas5 dias
Retorno à rotina normal10 dias30 a 60 dias
Quantidade e tamanho da incisão (corte)5 de 0,5 a 1,2 cm cada1 de no mínimo 20 cm
Incidência de hérnia no corte (incisional) em um ano3%30%
Custo de re-operação e internaçãoR$ 8 milR$ 8 mil
Cirurgias realizadas em 2010 no Brasil21 mil (35%)39 mil (65%)
Dor pós-operatóriaLeve, por um dia ou inexistenteModerada a intensa, por sete dias


Fonte: SBCBM
Thamires Andrade
Do UOL Ciência e Saúde, em São Paulo


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