O que parece uma cena de horror se tornou uma festa cívica para líbios. Desde ontem (21), o corpo do líder deposto Muamar Kadafi, morto na quinta-feira está guardado em um freezer comercial na cidade de Misrata, enquanto moradores fazem fila para entrar na câmara fria e ter a chance de fotografar ou filmar o cadáver do ex-chefe de estado.
Até o momento, as autoridades do Conselho Nacional de Transição, que administra o país interinamente, ainda não decidiram onde enterrar Muamar. A cena do corpo, bastante ensanguentado, inundou a internet em filmagens amadoras e fotografias feitas pelos 'visitantes'.
Além de mostrar a desorganização do país no momento, o descaso com o corpo de Kadafi revela a confusão que ainda cerca a morte do ex-ditador. Ele governou a Líbia por 42 anos.
"Há quatro ou cinco versões diferentes de como ele morreu. Como vocês sabem, há dois vídeos de celular, um o mostrando vivo e outro, morto. Analisados conjuntamente, eles são muito inquietantes", disse em Genebra o porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, Rupert Colville.
O enterro chegou a ser confirmado para a sexta-feira, seguindo as tradições islâmicas de um funeral rápido. Mas o governo interino adiou, dizendo que as circunstâncias da morte ainda precisam ser esclarecidas. Além disso, o ministro da Informação Mahmoud Shammam disse que as autoridades "debatem qual é o melhor lugar para enterrá-lo".
Fotos fortes
As fotos espalhadas pela internet são fortes. O corpo, nu da cintura para cima e vestido com calça bege, está sobre um colchão sujo de sangue colocado no chão de um freezer vazio, do tamanho de um cômodo, onde restaurantes e lojas normalmente mantêm produtos perecíveis.
De acordo com o jornal Guardian, o freezer seria usado por um açougue, enquanto a France Presse afirma que pertence a um mercado de vegetais. Em algumas das fotografias, as marcas de disparos são visíveis no lado esquerdo da cabeça, no centro do peito e região do estômago. Segundo um médico ouvido por um repórter da FP, a bala ainda está alojada no crânio.
Éser Cáceres, com agências internacionais
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