segunda-feira, 17 de junho de 2013

Após quase quatro horas, termina protesto no entorno do Maracanã

Confronto entre polícia e manifestantes no Rio (Foto: Luciana Whitaker/Reuters)

Terminou por volta de 18h40,  o protesto contra o aumento da tarifa de ônibus e os gastos com a Copa do Mundo nas ruas do entorno do estádio do Maracanã. Depois de deixarem a Quinta da Boa Vista, em São Cristovão, após negociação com a polícia, os manifestantes seguiram para a Rua Mata Machado na tentativa de retornar para a frente do estádio. No
entanto, eles desistiram sem que fosse necessária nova ação da polícia.
Dois enfrentamentos foram registrados na tarde desde domingo (16): o primeiro na frente do Maracanã e o segundo na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte, assustando e provocando correria em quem aproveitava o domingo na área de lazer. Muitos sofreram com os efeitos do gás lacrimogêneo lançado pela polícia contra os manifestantes.
De acordo com balanço divulgado pela Polícia Militar, seis manifestantes foram detidos. A estimativa oficial divulgada pela PM é de que o protesto reuniu cerca de 600 manifestantes.
Saída da Quinta da Boa Vista
Após uma negociação com a polícia, os manifestantes começaram a sair da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, em grupos, por volta das 16h50. Com as mãos para o alto, os últimos manifestantes deixaram o parque às 17h10. "Obrigado por nos deixarem vivos", diziam eles para a polícia, na saída do parque.

Na porta da 18ª DP (Praça da Bandeira), a chefe da Polícia Civil, Marta Rocha, conversou com manifestantes e garantiu que quatro detidos levados para a delegacia foram liberados em menos de 20 minutos. Segundo a polícia, não havia comprovação da participação deles no protesto.
"Disse a eles [manifestantes] que a delegada só fala a verdade. Desde às 10h, estou percorrendo as delegacias para garantir o atendimento das pessoas", afirmou Marta Rocha, acrescentando que uma mulher foi presa em flagrante por desacato à autoridade e levada para a 20ª DP (Vila Isabel).
Um camburão do Batalhão de Choque chegou à 18ª DP levando outros três manifestantes. Até às 17h50, não havia informação se eles ficariam detidos ou não.
Os manifestantes seguiram para a Rua Ibituruna, uma das vias de acesso à Avenida Maracanã. Eles protestam contra o aumento da tarifa de ônibus e os gastos públicos com a Copa do Mundo. Na semana passada, outros dois protestos terminaram em confronto no Centro do Rio.
Tumulto no parque
A confusão na Quinta da Boa Vista aconteceu depois do Batalhão de Choque dispersar parte dos manifestantes do entorno do estádio do Maracanã com bombas de efeito moral e balas de borracha, apesar do protesto ter sido pacífico.

Após confronto, manifestantes sentam em frente ao museu da Quinta (Foto: Maricuha Machado/G1)
Após confronto, manifestantes sentam em frente ao
museu da Quinta (Foto: Maricuha Machado/G1)
Os integrantes da manifestação seguiram, então, para a Rua Almirante Baltazar, em São Cristóvão, que chegou a ficar interditada na tarde deste domingo (16). O local é próximo à estação de São Cristóvão, um dos acessos para quem vai ao Maracanã.
Por volta das 16h10, houve novo confronto. Policiais do Batalhão de Choque atacaram os manifestantes, mesmo sem terem sido agredidos. Para liberar a via ao trânsito, novamente, eles jogaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam balas de borracha.
O estudante de Tecnologia da Informação, Cauê Maia, de 25 anos , foi atingido por uma bala de borracha e afirmou que irá prestar queixa. "Se a gente for violento, se iguala a eles. Eu vou na delegacia agora dizer que fui agredido pelo poder público. O que eu ia dizer se eu tivesse sido violento?", disse o jovem, acrescentando que não atacou os policiais.
Pânico e correria
Parte dos manifestantes correu para dentro da Quinta da Boa Vista, parque utilizado como área de lazer pelos cariocas, principalmente aos fins de semana. A polícia jogou bombas de efeito moral dentro da Quinta, assustando quem estava no parque. Famílias que faziam piqueniques saíram correndo em busca de abrigo.

Cecília Souza, de 23 anos, foi atingida por uma bala de borracha no braço (Foto: Vicente Seda/G1)
Cecília Souza, de 23 anos, foi atingida por uma
bala de borracha no braço (Foto: Vicente Seda/G1)
Um grupo de 50 pessoas (entre homens, mulheres e crianças) celebrava uma festa de aniversário no parque, quando foi surpreendido pela manifestação que continuou na área de lazer. O auxiliar administrativo Sérgio Machado, de 40 anos, estava na festinha com o filho de 8 anos e a mulher.
Segundo ele, as crianças entraram em pânico quando manifestantes correram para dentro da Quinta da Boa Vista e a polícia reprimiu com gás de pimenta e bombas de efeito moral. "Isso é um absurdo. As crianças ficaram desesperadas. Estávamos comemorando um aniversário e acontece isso", lamentou Sérgio.
Pedro Mesquita estava na Quinta da Boa Vista quando os mabifestantes entraram correndo. "Os policiais não entraram, mas jogaram bomba e o gás entrou aqui", disse.
Um dos manifestantes, o estudante Matheus Rodrigues Queiroz, de 18 anos, afirmou que houve uso de munição letal por um policial do Batalhão de Choque na Quinta da Boa Vista. O tiro, segundo ele, teria sido disparado para o chão. Procurada pelo G1, a PM afirmou que não atua com armas letais em grande concentraçao de público.
Segundo um policial do Batalhão de Choque, uma idosa que tem uma barraca na porta da Quinta da Boa Vista passou mal por causa do gás lacrimogêneo e precisou ser atendida.
Depois do incidente, muitas pessoas que estavam no parque ficaram com medo de ir embora. Ainda com resquícios da fumaça, crianças e mulheres reclamaram de ardência nos olhos.
Gustavo Dopke levou vinagre para a manifestação  (Foto: Mariucha Machado/G1)
Gustavo Dopke levou vinagre para a manifestação
(Foto: Mariucha Machado/G1)
Vinagre como proteção
Depois do incidente, muitas pessoas que estavam no parque ficaram com medo de ir embora. Ainda com resquícios da fumaça, crianças e mulheres reclamaram de ardência nos olhos.

Os manifestantes sentaram em frente ao museu da Quinta da Boa Vista, enquanto eram observados por policiais. Eles só saíram do parque depois de negociarem com a polícia.
Integrante do protesto, Gustavo Dopke, de 30 anos, disse que os manifestantes foram cercados. "Encurralaram a gente. A tática [dos policiais] foi fazer com que a gente ficasse com medo. Atacaram por todos os lados", disse o cientista, que levou vinagre para a manifestação para aliviar os efeitos do gás lacrimogêneo lançado pela polícia.
Confronto no Maracanã
Por volta das 15h30, aconteceu o primeiro confronto entre a polícia e os cerca 600 manifestantes no entorno do Maracanã, pouco antes do jogo México X Itália pela Copa das Confederações. Os gritos de guerra "Se a passagem não baixar, a roleta eu vou pular" e "Eduardo Paes, cadê você, cadê você" foram os mais repetidos no protesto.

Policiais do Batalhão de Choque (BPChq) jogaram bombas de gás lacrimogêneo e dispararam balas de borracha contra os manifestantes na subida do Viaduto de São Cristóvão, um dos acessos ao Maracanã. Os manifestantes correram pela Avenida Radial Oeste em direção ao Centro.
Torcedores que chegavam ao estádio ficaram assustados com o confronto e tentaram procurar abrigo. Muitos, inclusive crianças, ficaram em meio ao tumulto e sofreram com os efeitos das bombas de efeito moral: ardência nos olhos e na garganta.
Com a ação da polícia, parte dos manifestantes se dispersou, mas um grupo de cerca de 300 permaneceu nos arredores do estádio.
Tropa de Choque fecha a Radial Oeste e impede a chegada de manifestantes (Foto: Luis Bulcão/G1)
Tropa de Choque fecha a Radial Oeste e impede a
chegada de manifestantes (Foto: Luis Bulcão/G1)
Durante o intervalo do jogo, eles avançaram pacificamente até a entrada principal, na estátua do Bellini, tracicional ponto de encontro de torcedores. Em frente ao monumento, foi formado um cordão com mais de cem policiais, que ouviam gritos para se juntarem à manifestação.
Enquanto isso, uma equipe do Batalhão de Choque apenas observava à distância a movimentação, sem tentativas de dispersar o grupo de manifestantes.
Manifestante é atingida por gás lacrimogênio na região do Maracanã (Foto: Jadson Marques/Estadão Conteúdo)
Manifestante é atingida por gás lacrimogênio na região do Maracanã
(Foto: Jadson Marques/Estadão Conteúdo)
A manifestação foi convocada pelas redes sociais e faz parte de uma série de atos que acontecem em todo o país desde a semana passada e que pedem a redução dos preços das passagens. Parte dos manifestantes também protesta contra a realização da Copa das Confederações no país.
Reforço na segurança
O Rio tem um efetivo de mais de 15 mil homens atuando na segurança da cidade até o final da Copa das Confederações. De acordo com o general José Alberto da Costa Abreu, a 1ª Divisão de Exército conta com a atuação de 7.126 militares. Já segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança do Estado do Rio (Seseg), são quase 8 mil policiais atuando na capital fluminense.

De acordo com a secretaria, não houve mudança no patrulhamento ordinário das regiões. Além do efetivo já existente, 2.600 policiais civis e militares atuarão como reforço durante o evento.
Desde este sábado (15), navios da Marinha do Brasil fazem o patrulhamento do litoral carioca e aeronaves do Exército fazem o controle do tráfego de helicópteros, enquanto o Centro de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) cuida do espaço aéreo. De acordo com a
Policiais do Choque contêm grupo que tenta se aproximar do Maracanã (Foto: Reprodução/TV Globo)Policiais do Choque contêm grupo que tenta se aproximar do Maracanã (Foto: G1)









Luís Bulcão, Mariucha Machado e Vicente SedaDo G1 Rio

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