De janeiro de 2013 a primeira semana deste mês de junho, 2.455 adolescentes foram apreendidos no Ceará por práticas de crimes, segundo dados da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará. Os jovens são distribuídos entre os 11 centro educacionais do estado cujo objetivo é oferecer condições de recuperação aos internos, mas, na maioria
dos casos, isso não é possível, segundo a secretaria.
O Centro Educacional Dom Bosco, por exemplo, tem capacidade para receber 60 jovens. Mas, atualmente conta com 149. Devido ao excesso de internos, não é possível que todos estejam em atividade ao mesmo tempo. Há um revezamento de turnos, enquanto parte está estudando, os outros estão presos dentro da unidade.
“Se tivéssemos realmente 60 adolescentes hoje, a gente tinha condições de estar com todos em atividade e fazer um trabalho de ressocialização” destaca o diretor da unidade, Ernande de Oliveira. Além do problema da superlotação, o diretor destaca ainda a ausência da presença familiar na recuperação dos jovens e que, muitas vezes, não querem recebê-los de volta.
“Eles falam que o pai e a mãe já têm o costume de pegar a droga, são nascido no meio do crime”, afirma um jovem apreendido por assassinato sobre os colegas internos. Ele fala ainda sobre as dificuldades de voltar para a sociedade. “O que é envolvido [com crime] tem de sair das áreas onde eles moram, do bairro. O adolescente que tem treta não pode ficar, se não é morto”, conta
“Eu cheguei [ao centro educacional] muito revoltado. Meu pensamento era só vingança, sair daqui e matar”, destaca o interno, acrescentando, “mas eu vi muitos saírem e chegarem novamente. Eu falei: essa vida assim não presta. Aí comecei a mudar”. O adolescente se dedica às oficinas do centro e tem esperanças de exercer o que aprendeu quando for liberado.
Para o juiz da infância e da juventude Manuel Clístones, mesmo que os centros educacionais funcionassem com capacidade normal, não seriam suficientes no trabalho de recuperação. “Um centro educacional está longe do que é o ideal. Ele não tem um tratamento para drogadição, o sistema educacional é falho e, acima de tudo, a família não participa desse processo”, explica.
Do G1 CE, com informações da TV Verdes Mares
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