Entre máquinas, tratores e equipamentos embaixo de tendas ou a céu aberto, um ponto da Agrishow em Ribeirão Preto (SP) chama a atenção. Um estande, que remonta aos tempos do velho oeste, tem música característica e atrai uma multidão de pessoas - a maioria homens. Em um sobretudo preto, uma mulher entra em cena, interage com o público e volta para dentro do "saloon". Segundos depois, no andar de cima daquele bar de faroeste, cinco belas
mulheres usando meia arrastão dançam animadamente o cancan, dança francesa criada no século 19.
O local nada mais é que o estande de uma marca de pneus expositora na feira e que usa a beleza das dançarinas como estratégia para atrair visitantes e, claro, compradores. Cantadas são permitidas, mas não correspondidas.
Todos os dias, o estande organiza cinco apresentações. O cancan da empresa viaja há dois anos pelos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás - locais onde a marca participa em feiras agrícolas. As cinco musas da dança - entre elas uma bailarina, uma atriz e uma educadora física - reconhecem que são a atração principal do espaço. "Sabemos que somos o grande chamariz da marca, e que muitos aparecem só para assistir ao show. Hoje mesmo, um homem que estava dentro do estande saiu correndo quando percebeu que o show havia começado", afirma a bailarina Ângela Ettel, criadora da coreografia.
De acordo com o analista de marketing da empresa, Matheus Lazan, a iniciativa de realizar shows em feiras foi adotada pela marca como um diferencial. "Em feiras desse tipo, onde não se vê muito investimento com entretenimento para chamar a atenção dos visitantes, as atrações são um diferencial. Sabemos que nem todos que assistem ao show entram no estande, mas eles podem vir a ser futuros consumidores", explica.
Para as bailarinas, cada apresentação é uma nova aventura junto ao público. "Você nunca sabe o que te espera em cada apresentação. Às vezes você ouve boas piadas, outras vezes você não ouve nada. Há cidades em que o público é mais recatado - dá para perceber pela forma que a pessoa te olha", afirma a atriz Gabriela Portieri.
Mas em algumas ocasiões, a abordagem chega a ser bem mais ousada. "Tem muitos homens que vêm com aquele papo de que tem três fazendas, centenas de cabeças de gado. Essas abordagens acabam sendo inevitáveis, mas aprendemos a lidar com isso", diz Ângela.
Apesar da rotina de enfrentar incômodos como calor, roupas pesadas e maquiagem em excesso, as dançarinas garantem que o trabalho é prazeroso. "Apesar dos percalços, é uma energia muito boa. É puro entretenimento, e o intuito é este, atrair pessoas para que elas se divirtam", conclui Ângela.
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