sábado, 17 de novembro de 2012

Grupo disputa competição esportiva sem roupas no interior de São Paulo

Sem roupas, grupo disputa competição esportiva em Guará (Foto: Carlos Santos/G1)

Uma competição em que a principal e muitas vezes a única regra é jogar pelado. Enquanto a maioria dos turistas foi para a praia ou serra para descansar, um grupo de cerca de 60 pessoas adeptas do naturismo se reuniram em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, para uma competição esportiva no mínimo inusitada.
Obviamente sem nenhum uniforme e bem à vontade, as pessoas estão divididas em quatro
equipes e disputam, até domingo (18), competições em 30 modalidades como o biribol, vôlei, corrida de pedalinho, badminton e outras.
A maioria dos participantes já está acostumada com a prática do naturismo, mas o evento reúne também 'esportistas' de primeira viagem. O jovem Rafael Menegazzi, de 22 anos, é um deles. "Antes de vir pensei que seria diferente, tive até um certo receio, mas é tudo normal e bem tranquilo. A roupa é só uma coisa a mais. Estou gostando muito e devo vir mais vezes", disse ele bem à vontade ao G1.
De acordo com Juvenal de Dominicis, um dos organizadores da competição e praticante do naturismo, o objetivo é integrar os participantes. Para ele, o naturismo é uma forma de conhecer melhor as pessoas. "Os naturistas convivem com a natureza da melhor maneira possível. A gente pratica o nu social, ou seja, não é só ficar pelado. Isso elimina a barreira social, você consegue conhecer melhor as pessoas", afirmou.

Entre os participantes estão famílias e pessoas de todas as idades. "Nosso objetivo é a integração das pessoas. Há muita confusão das pessoas quando se fala de naturismo. Não há exploração da sensualidade. Um dos pilares da nossa prática é a família, o convívio harmonioso", explicou Dominicis.

Sem roupas, grupo disputa competição esportiva em Guará (Foto: Carlos Santos/G1)
Praticantes conversam durante intervalo das práticas
esportivas. (Foto: Carlos Santos/G1)
Aceitação
Entre uma competição e outra, o clima entre os participantes é sempre de muita união e diversão. Em Guaratinguetá, o Clube do Rincão já tem a prática do naturismo há 19 anos e sempre é bastante frequentado pelos sócios fundadores, que têm casas no local, e também praticantes que podem alugar bangalôs ou até mesmo acampar na área.

Apesar disso, muitos não assumem serem praticantes por preconceito e até receio da opinião de outras pessoas. Muitos têm receio de que isso atrapalhe no emprego. Atualmente aposentada, Renata Freire diz que perdeu a vergonha. "Hoje minha família toda sabe, meus amigos todos sabem, mas quando era gerente de banco não contava porque a gente sabe que a aceitação da sociedade é difícil", afirma.
Já Fred Schinke, de 48 anos, não se importa com o que chama de 'zoação' dos colegas de trabalho ou amigos. "Eu sou desencanado, sempre gostei de andar pelado em casa. Sou adepto há 15 anos já e todo mundo brinca sobre isso. É normal, até porque muitos não sabem como é. Aí você explica e todo mundo fica tranquilo", afirma.

Regras
O conceito de naturismo é definido pelos adeptos como um modo de vida em harmonia com a natureza por meio da nudez social, que incentiva o respeito próprio e pelo próximo, além do cuidado com o meio ambiente.

No Brasil, o movimento existe há cerca de 30 e o primeiro ponto de naturismo foi a Praia do Pinho, em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Para participar do Clube do Rincão, por exemplo, o praticante precisa seguir regras que estão de acordo com o que é estabelecido pela Federação Brasileira de Naturismo. Na região, um sítio em Igaratá também é um dos redutos oficiais de naturistas do Estado de São Paulo.

Segundo Dominicis, os visitantes geralmente são filiados à federação e a maioria das pessoas que vão pela primeira vez ao local respeitam as normas estabelecidas como as de só fotografar quando se é permitido e não praticar atos obscenos nas áreas públicas.

Carlos SantosDo G1 Vale do Paraíba e Região

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