O sertão nordestino passa por uma das piores secas da história. Cinco meses atrás, quando a repórter Camila Marconato visitou a região de Irecê, na Bahia, a situação dos agricultores já era bastante grave.
Agora, as coisas estão ainda mais difíceis. Muitos animais estão morrendo de fome e alguns
agricultores tiveram que deixar suas famílias para buscar empregos na cidade grande.
A comunidade Lagoa Damaceno, que fica no município de Mulungu do Morro, perto de Irecê, é uma das regiões mais atingidas pela seca na Bahia. A falta de chuva prejudicou a qualidade da mandioca que rendia os poucos sacos de farinha que sustentavam as famílias.
Só um dos trinta barreiros da comunidade tinha uma água de péssima qualidade para servir aos animais e garantir um ou outro banho. Para sobreviver, as pessoas eram obrigadas a disputar balde a balde a água da Operação Carro-Pipa do Exército nacional.
Hoje, na Lagoa Damaceno, só existem duas fontes renda: a aposentadoria e o Bolsa Família, que não chega a R$ 200 no mês. Da roça, não se tira mais nada. O tanque coletivo da comunidade, onde o carro-pipa deveria despejar a água, está seco.
Para o bispo Dom André Dewitte, que integra a comissão Pastoral da Terra, a saída do campo para cidade grande não tem acontecido mais de forma generalizada no sertão baiano, e a comunidade de Lagoa Damasceno é uma exceção. “O movimento migratório certamente não é mais o mesmo daqueles de anos atrás, das grandes secas, que a gente tem a imagem de famílias inteiras saindo. Isto, graças a Deus, mudou totalmente. Tem gente saindo, mas quem sai continua sendo aquela pessoa que procura emprego.”
Programas como o Bolsa Família e a operação carro-pipa do Exército estão evitando que as pessoas, apesar de todo o sofrimento, passem fome ou sede. O mesmo não se pode dizer dos animais. Os rebanhos da região estão em situação bastante precária e os produtores estão sendo obrigados a se desfazer da criação ou até ver os animais morrendo de fome.
Do Globo Rural
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