O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem o que soou como um recado à sua sucessora Dilma Rousseff. Em discurso nos EUA, disse que os governos, incluindo o da petista, precisam ouvir os sindicatos.
A declaração ocorre num momento em que sindicalistas brasileiros têm se queixado de que Dilma tem recebido empresários, mas dado pouca atenção a
representantes do movimento sindical.
"O presidente Obama têm de ouvir vocês, a Dilma tem de ouvir os sindicatos, e os argentinos...", disse Lula, na conferência anual da UAW, a maior central sindical do setor automotivo nos EUA.
Diante das queixas da baixa receptividade com sindicalistas, Dilma deve se encontrar nesta semana com Vagner Freitas, presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Lula reforçou nas últimas semanas sua articulação política dentro e fora do país.
Conforme mostrou a Folha anteontem, ele já aconselhou Dilma Rousseff a entrar de cabeça na política de defender o projeto do PT neste ano.
Num encontro reservado em São Paulo dias atrás, eles combinaram uma agenda de viagens conjunta para mostrar união e eliminar os rumores de distanciamento.
Nos EUA, Lula ganhou o título de membro honorário do UAW e uma jaqueta -que vestiu prontamente.
"Nunca me imaginei nem síndico, e acabei presidente", disse ele em discurso. "Já disse à minha mulher: não vou morrer em casa, quero morrer no palanque."
O movimento sindical dos EUA perde adeptos e passa por uma crise com o aumento de Estados que permitem às empresas rejeitarem funcionários sindicalizados.
O caso mais notório é o da montadora japonesa Nissan, que promove uma campanha em sua fábrica em Canton (Mississippi) para evitar a filiação dos operários à UAW.
LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
DE WASHINGTON
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