sábado, 8 de setembro de 2012

São Luís do Maranhão festeja 400 anos com patrimônio degradado


Patrimônio mundial da humanidade, a capital do Maranhão, São Luís, comemora 400 anos hoje com uma virada cultural que terá mais de 40 horas de shows, além de um bolo de 400 metros e distribuição de guaraná Jesus --um dos ícones da cidade.
Um aeromodelo criado por alunos da Federal do Maranhão está coletando
imagens dos festejos, que serão guardadas numa "cápsula do tempo" a ser aberta em cem anos.
Anteontem, grupos de tambor de crioula --manifestação afro que, em 2007, foi declarada patrimônio imaterial brasileiro-- se apresentaram em uma praça da cidade, enquanto DJs de reggae seguem animando a cidade até amanhã.
Nos últimos anos, São Luís vem sendo chamada de "Jamaica brasileira" --referência ao país caribenho onde o reggae nasceu.
Segundo a prefeitura, a taxa de ocupação dos hotéis durante as comemorações aumentou 15% neste ano em comparação a 2011 --75% dos leitos foram ocupados.
Fundada por franceses em 1612 --seu nome homenageia o rei da França Luís 13 (1601-1643)--, São Luís receberia ontem o grupo de teatro acrobático francês Les Passagers para reviver no palco uma parte de sua história.
No dia a dia, porém, a preservação da história carece de investimentos, segundo autoridades do setor.
"Temos 1.342 imóveis tombados pelo governo federal e só dois arquitetos e dois engenheiros para cuidar", diz Kátia Bogéa, gestora do Iphan (instituto federal do patrimônio histórico) em São Luís.
Além da área federal, que coincide com a declarada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco, há uma área tombada pelo Estado --totalizando 5.600 imóveis.
O Ministério da Cultura informou que terá em 2013 um orçamento 30% maior (de R$ 2,38 bilhões), mas ainda não sabe a parcela que irá destinar ao Iphan.
Para o promotor Fernando Barreto Jr., a maior culpada pelo abandono do centro histórico é a prefeitura.
"Os proprietários fazem obras ilícitas e depois conseguem Habite-se para regularizá-las", diz.
Segundo ele, a falta de uma política que estimule as pessoas a morar no centro faz com que os casarões sejam abandonados ou transformados em comércio.
A prefeitura afirma que dá isenção de IPTU a imóveis tombados em bom estado. "[Mas] A cidade tem vivido um período significativo de investimentos em construções novas em bairros próximos às praias, o que torna o centro histórico pouco competitivo", informa, em nota.
As praias, outro cartão-postal da cidade, representam outro desafio: todas estão impróprias para banho.
Além disso, 23% da população --233 mil pessoas do total de 1 milhão, segundo o IBGE-- vive em favelas. Nesse quesito, São Luís está pior apenas que Belém e Recife.
Quanto à educação, dados do Ideb (avaliação do ensino básico) mostram que a rede estadual de ensino estagnou nas séries finais. Já a municipal piorou em todas as séries.
Procurados pela reportagem, nem a prefeitura nem o governo comentaram.

folha.uol


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