As bolas de gelo se chocam contra o anel de Saturno a uma velocidade considerada baixa
Foto: NASA/JPL-Caltech/SSI/QMUL/Divulgação
Foto: NASA/JPL-Caltech/SSI/QMUL/Divulgação
A sonda Cassini conseguiu captar uma espécie de "guerra de bolas de neve" em um dos anéis de Saturno. Os cientistas que monitoram a atividade da sonda espacial testemunharam quando pequenos aglomerados de gelo avançaram através de um dos principais anéis de Saturno, o anel F.
Este anel é o mais externo de Saturno e está localizado a 3 mil quilômetros além do anel A,
o mais próximo do anel F. A circunferência deste anel mais externo é de cerca de 900 mil quilômetros.
Enquanto estes aglomerados de gelo passavam, eles deixavam rastros brilhantes, em formato de jatos de partículas. Estes aglomerados são bolas de gelo cujo tamanho pode alcançar até um quilômetro. Algumas das colisões destas bolas de gelo deixam de rastro formas estranhas no anel F, como farpas em um arpão.
A pesquisa foi apresentada na reunião da União Europeia de Geociências (EGU, na sigla em inglês), em Viena, na Áustria, por Carl Murray, um dos membros da equipe de imagens da Cassini, baseado na Universidade Queen Mary, da Grã-Bretanha. O projeto Cassini é uma colaboração entre a agência espacial americana (NASA), a agência espacial européia (ESA) e a agência espacial italiana (ASI).
Lua Prometeu
A equipe que monitora as imagens enviadas pela Cassini tem observado a lua Prometeu, de 40 quilômetros de largura, se movimentando na borda do anel F há algum tempo. A perturbação gravitacional gerada regularmente pela Prometeu gera canais e ondas no anel F.
A equipe que monitora as imagens enviadas pela Cassini tem observado a lua Prometeu, de 40 quilômetros de largura, se movimentando na borda do anel F há algum tempo. A perturbação gravitacional gerada regularmente pela Prometeu gera canais e ondas no anel F.
Se sabia que parte das partículas de gelo que se movimentavam devido a esta perturbação gravitacional poderiam se unir, formando aglomerados. Mas, acreditava-se que as colisões ou outras forças na órbita de Saturno poderiam desfazer rapidamente estes aglomerados. "Sabemos que Prometeu, além de produzir padrões regulares, é capaz de produzir concentrações de materiais no anel", afirmou Carl Murray.
"Chamamos eles de grandes bolas de neve, e se estas coisas conseguirem sobreviver - porque Prometeu vai voltar ao mesmo lugar no anel F e interagir com elas de novo - elas podem crescer, e talvez são elas que formam os pequenos corpos celestes que colidem com o centro do anel F", acrescentou.
Sorte
A descoberta foi, de certa forma, um golpe de sorte. Quando os cientistas observavam a Prometeu mais uma vez, Murray e os colegas notaram uma espécie de jato no anel que não poderia ter sido formado pela lua ou por outro corpo celeste chamado S6, que em algumas ocasiões também cruza o anel. Quando a equipe examinou as 20 mil imagens do período de sete anos que a Cassini está em Saturno, encontraram 500 exemplos semelhantes destes rastros em forma de jatos.
A descoberta foi, de certa forma, um golpe de sorte. Quando os cientistas observavam a Prometeu mais uma vez, Murray e os colegas notaram uma espécie de jato no anel que não poderia ter sido formado pela lua ou por outro corpo celeste chamado S6, que em algumas ocasiões também cruza o anel. Quando a equipe examinou as 20 mil imagens do período de sete anos que a Cassini está em Saturno, encontraram 500 exemplos semelhantes destes rastros em forma de jatos.
E, algo que os cientistas já sabem, é que as bolas de gelo colidem com o anel F a uma velocidade considerada baixa, cerca de dois metros por segundo. Os jatos que produzem têm entre 40 e 180 quilômetros de comprimento. Em alguns casos, os jatos são produzidos apenas por uma bola de gelo, em outros, há provas de que grupos de bolas passaram pelo anel F para produzir estes rastros.
Os anéis de Saturno são compostos, primariamente, de gelo. Apesar de os anéis se estenderem por cerca de 140 mil quilômetros a partir do centro do planeta, a grossura média deles é de bem menos de cem metros. Além da grande beleza, os anéis fascinam os cientistas, pois podem ser usados como um modelo para estudar a formação do Sistema Solar.
Alguns dos comportamentos vistos nos anéis provavelmente são muito parecidos com os que ocorreram no disco de materiais em volta do Sol há mais de 4,5 bilhões de anos e que deu origem aos planetas, incluindo Saturno.
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