Procurador-geral do MPE-AM, Francisco Cruz, durante coletiva nesta sexta-feira (07) (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)
O Ministério Público do Amazonas (MPE-AM) pediu a prisão preventiva do prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP), suspeito de pedofilia. A denúncia foi enviada ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) nesta sexta-feira (7). Além de Adail, outras seis pessoas, entre elas servidores públicos, também foram denunciadas pelo MP por formação de quadrilha, exploração sexual de crianças e adolescentes e estupro de vulnerável. O órgão quer ainda o afastamento de Adail da Prefeitura de Coari, município a 363 quilômetros de Manaus.
O procurador-geral de Justiça do MPE-AM, Francisco Cruz, informou que o órgão ofereceu denúncia e propôs a ação penal após a conclusão das últimas investigações do caso. De acordo com Cruz, o documento, de 48 laudas, foi baseado na materialidade e autoria dos crimes. "A denúncia busca garantir a ordem pública e evitar que novas pessoas sejam novas vítimas e devido ao indícios de ameaças contra testemunhas", disse.
Por ser prefeito, Adail tem foro privilegiado, o que levou o MP a enviar a denúncia direto para o Tribunal de Justiça do Amazonas, já que a denúncia não pode ser analisada na Vara de Coari.
Segundo o procurador-geral de Justiça, no dia 27 de dezembro de 2013, o MPE recebeu denúncias de violência sexual contra menores de idade envolvendo o nome de Adail e de outras pessoas. As denúncias geraram inquérito, o que levou o prefeito de Coari a ser ouvido pelo MP no dia 29 de janeiro deste ano.
No início desta semana, representantes do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Centro de Apoio Operacional de Combate ao Crime Organizado (Caocrime) foram a Coari ouvir supostas novas vítimas e testemunhas. Conforme Francisco Cruz, a principal vítima do prefeito seria uma menina de 14 anos para a qual o Ministério Público pediu proteção. Durante visita a Coari, os promotores não encontraram a adolescente no endereço informado ao MP, impossibilitando o cumprimento da medida protetiva.
Sobre o pedido de intervenção em Coari protocolado por deputados do Amazonas junto ao MP, Cruz afirmou que deve se pronunciar na próxima semana. Em relação indícios de morosidade que levou ao arquivamento de um processo de improbidade adminstrativa envolvendo Adail, o procurador afirmou que quando os responsáveis forem indentificados, serão punidos. "Quando o Conselho Nacional de Justiça esteve pela última vez em Manaus, solicitei ao conselheiro Gilberto Martins que encaminhasse um ofício pedindo que as responsabilidades fossem apuradas no âmbito do Ministério Público Estadual", afirmou.
Ao G1, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) confirmou que o presidente do órgão, Ari Moutinho, recebeu a denúncia com o pedido de prisão preventiva e demais requerimentos do MP nesta sexta (7) . De acordo com a assessoria, o desembargador determinou, "com urgência", a distribuição dos autos. O relator da denúncia ainda não foi anunciado. Caso seja aceita, a denúncia deve tramitar em segredo de Justiça.
Novas denúncias
Logo após concluir a coleta de novas denúncias contra Adail, o promotor responsável pelo caso, Fábio Monteiro, informou ao G1 que as supostas novas vítimas eram crianças com idade entre nove e 11 anos.
As abordagens, de acordo com o MP, também eram feitas por servidores públicos. "Segundo vítimas e familiares ouvidos, servidores, a mando do prefeito, ofereceram diversos bens, como casas, terrenos e dinheiro em troca das meninas", revelou o promotor.
(*Colaborou Camila Henriques, do G1 AM.)
Adneison Severiano*Do G1 AM
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