segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Famílias tianguaense em situação precária, clamam por ajuda as autoridades


Maria Deiginane Pereira, presidente no conjunto Catatau, próximo à subestação, no local conhecido como casas invadidas, veio a público denunciar o que está acontecendo com os moradores daquele Bairro. Vivendo em um verdadeiro sofrimento desumano, através de uma carta aos vereadores de Tianguá, ela relata como é a vida das 56 famílias que moram naquele conjunto habitacional após a posse delas nas casas inacabadas.


"Venho por meio desta carta fazer uma denúncia sobre o que está acontecendo com os moradores destas casas. Esperamos que os vereadores tomem providências e entreguem esta carta ao juiz do Fórum desta cidade para que nos ajude a sair deste sofrimento desumano. Sobretudo, o sofrimento de nossas crianças e das gestantes que aqui estão, sem o atendimento fundamental que é a visita do agente comunitário de saúde, além da falta de água e da escuridão total.
Aqui nas casas tem em média 40 crianças abaixo de 7 anos e várias gestantes, crianças com diarréia, vômito e problemas respiratórios causados pelo piso de barro batido. Há 5 dias atrás, uma criança com 30 dias de vida foi para o hospital com desidratação. Existem varias crianças com problemas de saúde, inclusive uma, deficiente. 


Não temos para onde ir. Muitos dos que aqui estão, já tinham inscrição na prefeitura para ganhar uma casa. Os vândalos estavam retirando telhas e madeiras, deixando só as paredes e muitos destes moradores estão ao relento. A única torneira de água que tinha no local colocado pela cagece na época da construção das casas, foi retirada. Pedimos socorro aos vereadores e à justiça. Na casa que estamos não tem vaso sanitário. Nossas crianças e adultos vai para o mato fazer suas necessidades. A falta de higiene é total.


Tudo que escrevi nesta carta é verdade. Podem vir conferir. Estamos apenas pedindo socorro e justiça, porque somos filhos de Deus.

O texto acima é o resumo da primeira carta enviada dia 04/12/2011.

Dias depois, foi enviada outra carta à câmara de vereadores:
Eu, Maria Deiginane Pereira, espero que alguém semanifeste com essa carta. É a segunda que vou mandando. Nós estamos sendo esquecidos, apesar da visita da agente de saúde. Mas nós precisamos muito de água e luz, porque nós queremos um Natal digno para nossas crianças. Peço que os vereadores e a senhora prefeita nos ajude. Pense no Natal de vocês e imagine como será o nosso.


Nós estamos muito tristes porque queríamos dar um Natal digno para nossos filhos. Nem os índios vão ter um Natal escuro.

A carta termina com uma pequena mensagem: "Nunca cruze os braços diante dos obstáculos, pois o maior homem do mundo morreu por nós de braços abertos".
A equipe do Tianguá em Foco se dirigiu até o local onde se encontra essas famílas e constatou a difícil realidade vivida por elas. Já na entrada do local viu-se uma criança em cima de uma pilha de lixo procurando algo. O esgoto encontrava-se a céu aberto o que prejudica a saúde daquelas pessoas, principalmente, das crianças. Conversando com os moradores e olhando de perto a real situação daquele povo, contatou-se as condições sub-humanas descritas nas 2 cartas.
Foi observado crianças sujas e mal vestidas. Umas brincando no chão de terra batido, outras nos colos das mães. Nas casas, muitas sem o teto, via-se colchões, utensílios de cozinha e poucos móveis velhos, tudo encoberto pela poeira. Nenhuma das casas tinha porta. Os moradores vigiavam seus pertences para que vândalos não os furtassem. A água é cedida por um posto de gasolina localizado próximo ao bairro. À noite, a situação é caótica. A escuridão e o frio obrigam os moradores a fazer uma fogueira.

Não podemos fechar os olhos para essa situação de calamidade. A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

Aonde estão as promessas feitas por autoridades que sugam até a ultima esperança de pessoas humildes, esquecidas pela sociedade.

Cidadãos conscientes não são movidos por festas e palanques. São movidos por direitos e necessidades básicas, por justiça e dignidade, por felicidade e esperança.

O ser humano é um ser que pensa, fala, ouve(muitas vezes, só o que quer ouvir), que chora, que protege sua cria, que busca a liberdade e que muitas vezes, é vitimado pela injustiça.

Mas é também um ser que consegue reparar seus erros, ajudar ao próximo, ser justo com quem merece e sensibilizar-se com a situação desumana do outro.

Por isso não se pode deixar estas famílias desamparadas. Sabemos que a vida é injusta e cruel com todos mas pode ser amenizada se soubermos pensar e agir como seres que somos.

Fonte: Tiangua em Foco




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