terça-feira, 5 de março de 2013

Defesa expõe estratégia de desqualificar primo do Bruno para reduzir culpa do goleiro


O primeiro dia de julgamento do goleiro Bruno Fernandes e da sua ex-mulher Dayanne de Souza expôs a intenção dos advogados do goleiro de tentarem desqualificar os depoimentos de Jorge Luiz Lisboa Rosa, que é a principal testemunha do processo sobre o sumiço de
Eliza Samudio, ex-amante do jogador.
Durante o depoimento da delegada Ana Maria Santos, uma das responsáveis pelo inquérito da Polícia Civil mineira sobre o caso, o advogado Lúcio Adolfo da Silva, defensor do atleta, buscou chamar a atenção dos jurados para uma contradição na fala da policial.
Em um primeiro momento, a delegada havia afirmado que Rosa, cujo depoimento foi o estopim da investigação do caso, havia afirmado que ele teria ficado "impactado" e "emocionado" ao descrever para ela a suposta cena da morte de Eliza.
Segundo a polícia, ela teria sido morta em junho de 2010 pelo ex-policial Marcos Aparecido do Santos, o Bola, na sua casa, na cidade de Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte.
A policial afirmou que Rosa teria segurado na sua mão. "Jorge transmitiu sinceridade", disse Ana Maria. No entanto, após ser questionada sobre depoimento dado por Rosa em uma acareação feita com Sérgio Rosa Sales, outro primo do goleiro, morto no ano passado em bairro de Belo Horizonte, a delegada recuou e disse que "o investigado mente para poder se proteger", contradizendo-se ao que havia dito anteriormente sobre Jorge Luiz Rosa.
Nessa acareação, o primo do goleiro teria dito que havia sido pressionado pela polícia para supostamente culpar alguém pelo crime.
Lúcio da Silva não admitiu abertamente a estratégia, mas considerou o primeiro dia como uma vitória da defesa.
"A delegada viu que estava mentindo. Se alguém analisar as palavras dela, vai que tem algumas incongruências", disse.
O primo do goleiro estava arrolado como testemunha tanto da defesa quanto da acusação, mas ele não compareceu. Segundo um dos advogados de defesa, por não  morar na cidade, ele não seria obrigado a comparecer.
"O promotor o chamou de mentiroso [Jorge Luiz], mas só que ele se esqueceu que a testemunha é dele. Aqui eles quiseram ouvi-lo na surdina. Como é que uma testemunha dessa pode ser valorizada", afirmou.
Já Tiago Lenoir, outro advogado do jogador, afirmou que outro ponto a ser explorado pela defesa será o grau de participação do goleiro na trama.
"A pergunta chave é: qual é a participação do Bruno no crime? A gente não discute se ela [Eliza] está viva. A gente discute como ela morreu. Mas isso é prova do promotor. Ele quer botar o Bruno como mandante pelo poder aquisitivo do Bruno", disse.
Lenoir também considerou o primeiro dia como favorável à defesa.
"Não ficaram consignadas provas contra o Bruno", disse.
Rayder Bragon 
Do UOL, em Contagem (MG)




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