Os livros que mais se destacam nas áreas rurais de Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, durante a Flip (Festa Literária Internacional) da cidade, deixam de lado as grandes obras de ficção e tratam de um único assunto: cachaça. A bebida é uma das principais atrações da
região e tem obras dedicada a ela em exposição nos sítios em que ela é produzida, que podem ser visitados pelos turistas que passam por ali no ano inteiro."É a literatura sobre a cachaça", disse Lúcio Gama Freire, engenheiro civil que largou a profissão para se dedicar ao que antes era só hobby, a fabricação da aguardente de cana. Ele é proprietário do sítio Pedra Branca, onde é produzida a bebida premiada em testes cegos realizados em São Paulo no ano passado. "Paraty é sinônimo de cachaça, e estes livros contam um pouco da história e da técnica por trás dessa bebida", explicou.
Segundo Freire, a cachaça começou a ser produzida em Paraty no século XVI, o que fez com que se consolidasse uma relação entre a cidade e a bebida. Ao longo do tempo, mais de cem alambiques já funcionaram na cidade e hoje pelo menos sete locais onde a bebida é produzida podem ser visitados, permitindo uma degustação delas. Desde 2007, a bebida da cidade ganhou selo de garantia de procedência, que valoriza e diferencia a cachaça de Paraty em relação às de outras partes do país (veja lista de alambiques no site de Paraty).
Cachaça e letras
Segundo Freire, os livros e a cachaça são responsáveis pelos dois principais eventos realizados em Paraty - a Flip e o Festival da Cachaça, que acontece em agosto. "Nos últimos dez anos, nosso trabalho se tornou mais reconhecido, conseguimos conquistar o direito ao selo de Indicação de Procedência", explicou, fazendo alusão à década completada neste ano pela festa de livros.
Mesmo enquanto a literatura reina na Flip, a cachaça mantêm seu espaço nos bares e nos alambiques que ficam na parte mais rural. "Durante a Flip, há um aumento no consumo da bebida que é vendida em toda a cidade, e uma maior frequência de visitantes ao sítio", disse. Todos os dias, entre 10 e 15 jipes com turistas chegam ao local para conhecer a cachaça premiada.
O sítio Pedra Branca tem 27 hectares e fica a cerca de 5 km do centro de Paraty. O caminho para chegar à propriedade é por uma estradinha estreita, que logo vira uma trilha subindo ao topo do morro. Ao chegar à casa que serve como recepção, o visitante encontra os barris em que a cachaça é envelhecida, grandes garrafas de servem para a degustação e uma bela vista para as plantações de cana e, de longe, do pequeno litoral da cidade.
É ali que são produzidos entre 15 e 20 mil litros da bebida por ano. Na Pedra Branca, além da cachaça tradicional são produzidas variedades envelhecidas em madeira e bebidas adocicadas com melado, cravo e canela. As garrafas de 300 ml são vendidas por preços entre R$ 11 e R$ 18, e os visitantes têm o direito de experimentar cada sabor antes de escolher.
Passeando pela propriedade, Freire explica o método como a cachaça é produzida, desde a plantação, colheita e moagem da cana, até o caldo ser fermentado e distilado, se transformando na bebida-símbolo de Paraty.
Daniel BuarqueDo G1, em Paraty
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