terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Estado Islâmico ameaça matar reféns japoneses e pede resgate

Vídeo divulgado pelo Estado Islâmico mostra dois reféns japoneses; grupo ameaçou mata-los em 72 horas caso não receba US$ 200 milhões de resgate (Foto: AP)

O grupo Estado Islâmico ameaçou nesta terça-feira (20) matar dois reféns japoneses caso o governo do Japão não pague o resgate pedido, de US$ 200 milhões, em um vídeo publicado em sites jihadistas.
Na gravação, cuja autenticidade foi confirmada pelo governo japonês, o grupo que controla um vasto território entre Iraque e Síria ameaça “matar em um prazo de 72 horas os dois reféns” e “exige que o governo japonês pague US$ 200 milhões para salvar suas vidas”.

Tóquio reagiu rapidamente, afirmando que não cederia ao terrorismo, enquanto o primeiro-ministro Shinzo Abe exigiu a libertação imediata dos reféns.
"Estou indignado com tal ato", declarou à imprensa em Jerusalém. "Eu exijo vigorosamente que nenhum mal seja feito a eles e que sejam libertados imediatamente".
"A comunidade internacional precisa responder com firmeza e cooperar sem ceder ao terrorismo", disse Abe.
Questionado se o Japão pagaria o resgate para garantir a libertação dos dois prisioneiros, Abe respondeu: "Em relação a este caso, damos a máxima prioridade a salvar vidas e a colher informações com a ajuda de outros países. Nos esforçaremos ao máximo para salvar as vidas (dos prisioneiros) de agora em diante."
Os sequestrados, identificados como Haruna Yukawa e Kenji Goto Jogo, aparecem ajoelhados e vestidos com um macacão laranja que já é frequente nos vídeos do EI, enquanto as ameaças são efetuadas por um combatente.
"Ao primeiro-ministro do Japão (Shinzo Abe): Embora esteja a mais de 8,5 mil quilômetros do Estado Islâmico, te apresentaste disposto como voluntário para tomar parte nesta cruzada", diz o jihadista, que fala em inglês e que aparentemente é o mesmo que costuma aparecer nos vídeos de reféns ocidentais.
O combatente acusou o governo japonês de ter doado US$ 200 milhões para combater o EI, aludindo ao anúncio feito por Abe há três dias no Cairo.
Abe disse em Jerusalém que o Japão manteria a ajuda, que ele afirmou ter natureza humanitária.
"O Japão vai contribuir o quanto for possível em áreas não militares, incluindo a provisão de apoio a refugiados do Iraque e Síria", disse ele.
"Os 200 milhões de dólares em auxílio anunciados pelo Japão são ajuda humanitária destinada a fornecer alimentos e serviços médicos para salvar aquelas pessoas na região que perderam suas casas e se tornaram refugiados", acrescentou ele.
Reféns
Acredita-se que Yukawa, de 42 anos, poderia ter sido sequestrado em Aleppo em agosto enquanto estava com membros de uma facção rebelde rival do EI, segundo meios de comunicação japoneses.

Os motivos de sua estadia no território sírio são confusos, embora, de acordo com fontes insurgentes citadas pela imprensa japonesa, teria sido capturado quando acompanhava membros da Frente Islâmica em um enfrentamento.
O segundo refém, Kenji Goto, é um jornalista freelance que criou um empresa de produção de vídeo, a Independent Press, em Tóquio, em 1996. Sua companhia fornece vídeos e documentários sobre o Oriente Médio para canais de televisão japoneses, incluindo a NHK, o canal público. Ele nasceu em Sendai (norte) em 1967, de acordo com o site da empresa.
O Japão tem sido, até agora, relativamente poupado da onda de violência atribuída a grupos radicais islâmicos. Ele se mantém distante da coalizão antijihadista criada pelos Estados Unidos para conter o avanço do EI na Síria e no Iraque.
Este grupo ultrarradical é combatido por uma coalizão formada por Estados Unidos, França, Reino Unido, Canadá, Austrália, Dinamarca, Bélgica, Jordânia e Catar. Mais de sessenta países estão envolvidos nesta coalizão internacional.
Dez cidadãos japoneses morreram há dois anos, em janeiro de 2013, em um ataque jihadista ao complexo de gás de In Amenas, na Argélia. Este ataque, seguido de uma tomada de reféns, resultou na morte de 40 pessoas de dez nacionalidades e 29 jihadistas.
Da France Presse

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