Há vida sem Cristiano Ronaldo no Real Madrid. Desfalcado do melhor do mundo, lesionado na coxa, os merengues venceram o Barcelona por 2 a 1 no estádio Mestalla, em Valência, e conquistaram a Copa do Rei pela 19ª vez. Bale atuou na função do português, não decepcionou e foi o destaque da partida, fazendo o gol do título após uma longa arrancada de cerca de 50 metros, do meio de campo até a quina da pequena área, aos 39 minutos do segundo tempo. Assim como Messi, o brasileiro Neymarteve uma noite discreta. Foi punido com cartão amarelo por uma discussão com Fábio Coentrão e Pepe, logo aos 14 de jogo, e apareceu com destaque novamente só quase no fim, ao acertar a trave aos 44 da etapa final.
A perda da taça deixa o Barça em situação dramática na temporada. Eliminado da Liga dos Campeões, o time catalão tem apenas mais uma chance de título, o Campeonato Espanhol. Faltando cinco rodadas para o fim, o Atlético lidera com quatro pontos de vantagem sobre os culés, que também estão atrás do arquirrival madrilenho.
Tata Martino insistiu em colocar Neymar na ponta direita e Iniesta na esquerda, o que comprometeu a atuação da equipe na maior parte dos 90 minutos. O brasileiro pouco participava das ações, mas começou a aparecer quando foi deslocado para seu posicionamento de origem no início do segundo tempo. Assim como nas derrotas para o Atlético de Madrid, pelas quartas de final da Liga dos Campeões, e para o Granada, pelo Campeonato Espanhol,
Messi pouco fez. Os problemas na defesa também pesaram para a derrota. Mascherano jogou ao lado de Bartra, que se recuperou de lesão recentemente e teve o aval do departamento médico para entrar em campo somente nesta quarta, momentos antes do apito inicial.
Messi, Fábregas e Neymar desolados antes do reinício do jogo: argentino e brasileiros ofuscados por Bale (Foto: AFP)
Bale comprovou que não foge da raia quando é acionado para ser a referência do Real Madrid. Ao lado de CR7, o galês fez sete gols na temporada. Sem o craque luso, são oito feitos. Foram dele as melhores oportunidades da equipe de Carlo Ancelotti no clássico.
REAL BLOQUEIA ASTROS DO BARÇA E LEVA A MELHOR
Di María põe o dedo na boca e comemora o primeiro gol do Real Madrid (Foto: AFP)
Bale foi o primeiro jogador a se candidatar ao estrelato na partida. Na ausência de CR7, todo o peso do sucesso do Real estava nas costas do galês, que se movimentou bem, alternando o lado esquerdo e o centro do ataque. O camisa 11 criou duas chances de gol nos seis minutos iniciais. Na primeira, avançou pela esquerda e chutou perto da trave. Na segunda, recebeu na área, driblou Mascherano, bateu colocado, mas a defesa travou a tentativa.
Por causa dos maus resultados nas últimas semanas, o Barcelona estava mais cauteloso do que de costume e jogava recuado. Até Neymar voltava para ajudar na marcação. Quando os catalães finalmente se soltaram, deram espaços generosos no meio de campo, e os merengues aproveitaram. Aos dez minutos, Daniel Alves perdeu a bola no ataque, o time da capital avançou com rapidez e encontrou Benzema posicionado na ponta esquerda. Com um ótimo passe, o francês encontrou Di María livre. O argentino avançou até a área, ficou no mano a mano com Alba, chutou cruzado sem muita força, mas José Pinto aceitou.
A vantagem fez os madrilenhos jogarem do jeito que Carlo Ancelotti gosta. As duas linhas de quatro do meio e da defesa deixavam Messi e Fàbregas inativos e isolados na faixa central do campo. Neymar e Iniesta recebiam as bolas com maior facilidade nas pontas, mas como não tinham com quem jogar, apelavam para os lançamentos para a área, o que, definitivamente, não é o estilo do Barça. O brasileiro chegou a se envolver numa confusão, ao cair na área diante da marcação de Fábio Coentrão por trás, discutir com o português, dar uma testada no rival e receber um empurrão de Pepe. No fim, o camisa 11 e o zagueiro naturalizado luso foram punidos com o cartão amarelo.
Neymar reclama após discussão com Pepe (Foto: AFP)
Mas não se pode subestimar um time com tantos craques quanto os culés. Aos 41 minutos, Messi finalmente resolveu dar o ar da graça. Iniesta fez grande jogada pela esquerda, driblando Pepe. Na sequência, a bola sobrou para o camisa 10 arriscar seu primeiro chute da entrada da área. A bola passou perto da trave.
BARCELONA EMPATA, MAS BALE DESEQUILIBRA
Bartra, de cabeça, deixa tudo igual (Foto: AFP)
A desorganização tática do Barcelona seguia evidente na segunda etapa. Assim como na primeira parte da partida, Bale levou perigo ao gol rival, aproveitando a fragilidade da defesa. O galês começou com uma bela jogada, passando por todos que via pela frente e chutando da entrada da área. A bola tirou tinta da trave. Do outro lado, Messi errava tudo. Cobrou falta jogando a bola na arquibancada, deu passes errados... Nada funcionava. Tata Martino demorou 15 minutos para perceber que, novamente, havia escalado mal o time. Pedro entrou no lugar do apagadíssimo Fàbregas. Neymar foi logo para seu lugar, a ponta esquerda, e Iniesta voltou para o meio de campo.
As mudanças tiveram efeito imediato. Os catalães passaram a jogar muito mais soltos, pressionaram e chegaram ao gol - ironicamente, de um modo pelo qual a equipe não está acostumada. Aos 23 minutos, após cobrança de escanteio, Bartra subiu sozinho e cabeceou para o fundo do gol, fazendo algo que apenas Piqué parecia ser capaz no elenco culé. Era um outro clássico. O Real Madrid se encolheu, o time azul e grená passou a ter o duelo nas mãos, mas não aproveitou.
Em dois contra-ataques, os merengues acertaram a trave e fizeram o da vitória. Modric, aos 35 minutos, chutou de longe e fez a bola parar no poste direito do goleiro. Quatro minutos depois, o Real roubou a bola na defesa, e Bale correu como uma flecha na ponta esquerda, deixando Bartra para trás, e chutou entre as pernas do arqueiro do Barça. No último minuto, Neymar acertou a trave, mas o dia era dos merengues.
Por GloboEsporte.comValência, Espanha