sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Cachaça envelhecida com irradiação reduz ressaca, diz USP de Piracicaba

Cachaça 'curtida' com irradiação dá menos ressaca, diz USP de Piracicaba (Foto: Arararipe Castilho/G1)

Uma cachaça que não precisa curtir anos em barril de madeira para ganhar em qualidade e que ainda pode dar menos ressaca. O produto é resultado de uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), emPiracicaba (SP), que usa irradiação para acelerar o envelhecimento.
O método alternativo substitui o processo tradicional que pode levar anos e “envelhece” em
um aparelho irradiador em menos de uma hora a aguardente já engarrafada, ou seja, pronta para ser comercializada.
Isso aumenta a viabilidade econômica de produção em larga escala, segundo o professor Valter Arthur, que coordena o estudo no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), vinculado à USP, no campus da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).
Outras instituições, entre elas o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em São Paulo, já experimentaram o uso de irradiação em estudos com bebidas destiladas. Mas uma das novidades na pesquisa do Cena é a incorporação de extratos como própolis ou urucum, que dão aquela cor amarelinha ao produto final.
O pesquisador afirmou, no entanto, que apesar de a irradiação melhorar as propriedades da pinga, “não dá para fazer milagre”. De acordo com ele, “não adianta pegar uma garrafa que custa R$ 1,25 no mercado e achar que vai mudar muita coisa colocando-a no irradiador”.
Se o produto for de qualidade, porém, a vantagem é a eliminação da etapa mais demorada para a obtenção de uma bebida refinada, disse Arthur. “Tempo é dinheiro. Esse é o raciocínio.”
A bebida submetida ao processo apresenta diminuição dos aldeídos, componentes responsáveis pela dor de cabeça causada após o consumo de doses mais generosas, segundo Juliana Angelo Pires, aluna do Cena que também integra o estudo.
Desafios
Para Arthur e Juliana, a técnica ainda pode ser aprimorada, mas o custo para transportar a cachaça da fábrica até os poucos irradiadores existentes no Brasil ainda vai emperrar a disseminação do processo, apesar do ganho que se espera com a eliminação da estocagem por longos períodos.

Além disso, o pesquisador disse acreditar que ainda existe um certo preconceito em relação ao uso da irradiação. “Precisamos desmistificar essa questão”, afirmou.
Cachaça 'curtida' com irradiação dá menos ressaca, diz USP de Piracicaba (Foto: Araripe Castilho/G1)
Araripe CastilhoDo G1 Piracicaba e Região


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