Alunos e pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São Vicente, no litoral de São Paulo, recolheram fósseis de uma baleia azul em uma praia de Iguape. A previsão é que o fóssil esteja no local há pelo menos 6 mil anos.
Um morador da cidade encontrou o objeto na areia da praia e avisou a equipe do Laboratório
de Estratigrafia e Paleontologia da universidade. O professor da área e oceanógrafo Francisco Buchmann foi até a praia do Leste, em Iguape, e constatou que o material se tratava de ossos de uma baleia, em processo de fossilização. No local havia parte do crânio da baleia, parte da mandíbula, escápula, vértebras, costelas e uma parte do ouvido característica da baleia azul (Balaenoptera musculus), o que pôde definir a espécie do animal.
Ele e 25 alunos do curso de Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro ficaram no local entre os dias 22 de agosto e 2 de setembro para realizar a escavação. O primeiro passo foi retirar grandes pedaços de troncos de árvores que estavam em cima do crânio do animal. "Alguns achavam que o fóssil era madeira", diz Buchmann. Logo depois, foi feita uma barricada feita com sacos de areia para que o mar não avançasse e cobrisse novamente os fósseis.
Um gerador de energia elétrica e uma bomba submersa foram usadas para retirar a água dentro da escavação. Depois de diversas etapas deste processo, os alunos e o professor conseguiram um guincho elétrico, um tripé e uma talha para a retirada dos ossos menores e elevação do crânio acima das ondas. Eles tiveram que construir uma espécie de estrada na areia para poder remover o crânio da praia e colocá-lo no caminhão, que levou os ossos e colocou em frente a um dos laboratórios de pesquisa, na sede da universidade em São Vicente.
Segundo Buchmann, provavelmente a baleia encalhou numa antiga praia quanto o nível do mar era muito acima do que vemos atualmente. Muito tempo depois, houve a variação da linha de costa devido a erosão costeira, o que expôs o crânio e ossos ao ambiente de água salgada. Ele estima que a baleia pesava entre 20 e 30 toneladas. O pesquisador acredita ainda que o animal tem pelo menos 6 mil anos, por conta das variações do nível do mar no período Quaternário, referente ao últimos 2 milhões de anos.
Para ele, a descoberta e todo o trabalho foi prazeroso. “O desafio foi muito grande”, conta. Os alunos ficaram acampados e puderam participar de toda a parte prática da profissão.
As oito peças estão sendo restauradas e preservadas pelo especialista. Uma parte de um fóssil foi encaminhado aos Estados Unidos para análise. "O importante é descobrir como a baleia chegou lá e o que aconteceu com ela", explica ele. As amostras serão datadas por testes de carbono 14 e, de acordo com esse estudo, será possível saber a idade do crânio e algumas características do animal e da época em que viveu.
Além disso, Buchmann afirma que o grupo irá voltar nos próximos meses na praia do Leste em Iguape, para tentar encontrar outras partes do animal que ainda não foram localizadas.
Mariane RossiDo G1 Santos
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