sexta-feira, 12 de julho de 2013

Remadora olímpica vira modelo para treinar e faz manobra para não perder Bolsa Atleta


Na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, é possível ver Luana Bartholo trabalhando. Diariamente, como remadora. Nos últimos dias, sendo fotografada, como modelo.
A mudança na rotina ocorreu desde que a carioca de 28 anos deixou o Flamengo, em março. Foi a solução para seguir na ativa e manter a Bolsa
Atleta a que tem direito.
"Agora treino pela manhã e, à tarde, me dedico a trabalhos como modelo", diz a remadora que precisou chegar a 59kg para remar ao lado da campeã mundial Fabiana Beltrame na última Olimpíada. Hoje ela tem 1,77m e 71kg.
Uma das quatro representantes do Brasil nos Jogos de Londres-2012, Luana saiu do clube pelo qual remava para competir pelo Botafogo.
Para trocar de clube, porém, é preciso pagar a taxa de transferência da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro (Frerj) que, para o caso da remadora olímpica, é de R$ 24 mil. E o clube alvinegro diz não ter dinheiro para pagar tamanho valor, considerado alto para os padrões da modalidade no país.
Tradução: Luana precisaria ficar um ano sem competir, mesmo com o contrato rompido com o Fla. O chamado estágio vale a partir da última regata disputada por ela, em novembro passado.
Devido a esta medida criada há anos para restringir o assédio entre tradicionais rivais cariocas, Luana e Botafogo fizeram uma manobra para que ela dispute o Campeonato Brasileiro, em outubro. Um caso recorrente.
Em junho, ela foi registrada na Confederação Brasileira de Remo (CBR) pelo Saldanha da Gama, do Espírito Santo. A CBR cobra uma taxa de apenas R$ 300 para transferências interestaduais.
A Confederação não apoia, mas também não interfere nas práticas de cada federação estadual. Porém, de acordo com Thomas Schwerdtner, coordenador administrativo da CBR, qualquer atleta pode entrar na Justiça para ser liberado sem pagar altas taxas.
O alto valor de transferência e o estágio, que proíbem o remador de competir, são criticados por dirigentes, técnicos e atletas ouvidos pela Folha. Para eles, tais regras são "terríveis" e "absurdas".
Para Luana, ficar entre as três primeiras no Brasileiro competindo pelo clube capixaba também garante que ela não perca a Bolsa Atleta que recebe do governo federal. Este ano ela tem direito ao valor Olímpico (R$ 3.100). Como a seletiva para a seleção ocorre apenas no fim do ano, ela remaria em busca da bolsa Nacional (R$ 925) para 2014.
Até lá, além da ajuda de custo que recebe do Botafogo, Luana busca trabalhos como modelo. Recentemente, até vídeo clipe de grupo de pagode ela gravou.
"Estes trabalhos são para eu conseguir uma grana extra para treinar, afinal, sem patrocínio, fica muito difícil me dedicar integralmente ao remo. Estou adorando, mas meu foco ainda é a Olimpíada do Rio", diz a atleta graduada em publicidade, jornalismo e, agora, modelo.




MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO

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